comprehensive-camels

Perseguição aos cristãos: 2019 foi um “ano de mártires”

20200122-perseguicao-cristaos

A escalada de violência e discriminação contra a comunidade cristã em várias regiões do mundo cresceu nos últimos meses. O presidente internacional da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (FAIS), Thomas Heine-Geldern, afirmou que 2019 foi “um ano de mártires, um dos anos mais sangrentos na história dos cristãos”.

Segundo o relatório “World Watch List 2020”, apresentado pela Organização não governamental Open Doors (“Portas Abertas”, em português) na Câmara dos Deputados Italiana, um em cada oito cristãos no mundo sofre atos de perseguição por causa de sua fé, ou seja, cerca de 260 milhões de pessoas.

São analisados os eventos ocorridos no mundo entre 1 de novembro de 2018 e 31 de outubro de 2019 em cem países potencialmente afetados pelo fenómeno e mostra como, em comparação com o ano anterior, os cristãos discriminados em um nível definido como “alto”, “muito alto” e “extremo” aumentaram em 15 milhões.

O número de cristãos assassinados diminuiu (de 4.305 para 2.983 vítimas), com a Nigéria a permanecer como o país mais perigoso para os cristãos devido a ataques das tribos Fulani e dos islamitas do Boko Haram. A República Centro-Africana em guerra ocupa o segundo lugar, e o Sri Lanka o terceiro, onde mais de 200 pessoas morreram nos ataques as igrejas, ocorridos na Páscoa de 2019.

A perseguição aos cristãos também é avaliada pelo nível de discriminação, violência, exclusão do trabalho, da saúde e da assistência médica e da existência de legislação que impeçam a livre prática religiosa.

“Todos estes fatores levam ao aumento da pressão em muitos Estados. Em pelo menos 73 países, os cristãos experimentam um alto nível de perseguição“, explica Cristian Nani, diretor da Open Doors.

 

Coreia do Norte e Afeganistão são os países mais perigosos mas a Europa também está na lista

De acordo com o relatório, são 11 os países em que a perseguição contra os cristãos é definida como “extrema”. A Coreia do Norte ocupa a primeira posição pelo décimo oitavo ano consecutivo, país onde, segundo a Portas Abertas, entre 50 mil e 70 mil cristãos estão detidos em campos de trabalho por causa de sua fé.

Seguem depois os países em guerra por anos e com uma componente fundamentalista islâmica muito elevada, como o Afeganistão, a Somália e a Líbia. O lugar seguinte na lista é ocupado pelo Paquistão onde, no ano da libertação da Asia Bibi, a lei contra a blasfémia ainda permanece em vigor.

O presidente da Fundação AIS Heine-Geldern, no seu balanço de 2019, apelou uma vez mais às grandes organizações internacionais, como a União Europeia ou a Organização das Nações Unidas, para agirem na defesa da liberdade religiosa como um direito humano fundamental. “Muito pouco está ainda a ser feito”, reconhece o responsável.

“É difícil acreditar que num país como a França se tenham registado mais de 230 ataques contra organizações cristãs durante o ano passado”, disse, lembrando ainda os “chocantes” eventos no Chile, onde “40 igrejas foram profanadas e danificadas desde meados de outubro”.

 

Solidariedade das comunidades

No balanço que fez de 2019, Thomas Heine-Geldern sublinhou também a solidariedade que permite levar ajuda “a milhares de famílias cristãs vítimas de perseguição e de violência”.

“É muito impressionante ver como leigos, religiosas, padres e bispos, apoiados pela generosidade dos nossos benfeitores, estão a fazer todos os possíveis e impossíveis para aliviar a necessidade espiritual e material do povo na Síria”, refere.

A beleza do trabalho que realizam é ver “além da cruz e do sofrimento”, experimentar “de perto a grande dedicação e amor de muitas pessoas”, concluiu.

O Parlamento português também aprovou um voto de condenação e pesar pelos “mais de 1000 cristãos assassinados em 2019 na Nigéria pelo Boko Haram e radicais fulani”. “A Assembleia da República condena a perseguição religiosa feita aos cristãos por estes movimentos”, pode ler-se no texto proposto pelo Grupo Parlamentar do CDS e aprovado por unanimidade no dia 10 de janeiro.

Fundação AIS, Vatican News e JM

Partilhe nas redes sociais!
22 de Janeiro de 2020