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Clero em formação no Algarve sobre “ecologia integral”

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De 20 a 23 deste mês realizou-se, em Albufeira, a jornada de formação do clero das quatro dioceses ao sul do Tejo, tendo como tema “Ecologia integral: o Homem no Centro da Criação”.

Foram cerca de cento e vinte participantes, entre os quais vinte da Diocese de Setúbal, acompanhados pelo seu bispo. O encontro de atualização do clero, promovido pelo Instituto Superior de Teologia de Évora, contou com a presença  do núncio apostólico da Santa Sé em Portugal, D. Ivo Scapolo.

 

Apresentamos algumas notas do Padre Sílvio Couto, presente na formação, através de um breve respigo dos diversos palestrantes:

* Cada europeu consome por ano uma média de dezasseis toneladas de materiais e cria seis toneladas de resíduos (Francisco Ferreira);

* É um erro ser reduzido o conceito de desenvolvimento ao de crescimento económico…Será crescimento de todos ou de uma parte e qual será o preço deste crescimento sobre o ambiente. A Igreja guarda um pensamento sobre o bem comum, onde bem-estar é muito mais do que estar bem. Precisamos de ter uma visão unitária do relacionamento com as pessoas e o mundo. Verifica-se ainda o erro de uma espiritualidade separada da história e da criação. Com efeito, na união entre a história e o exercido da guarda do jardim se encontra a realização do desenvolvimento sustentável (Niccola Riccardi);

* Trazemos impresso em nós o selo de Deus. Através do ‘critério de dependência’ podemos perceber que ninguém deu a vida a si mesmo e ninguém é dono de si mesmo. Duas palavras resumem esta visão: silêncio e repouso – silêncio envolve o mistério da criação e da redenção; repouso – expressão que leva à alegria e à misericórdia (Rino Fisichella);

* Vivemos um novo paradigma mais relacional, num outro tipo de sociedade: comunicação interativa. Como podemos, então, entrar nesse paradigma relacional? Tendo o sacramento da reconciliação por referência podemos compreendê-lo nessa relação com Deus, com os outros e com a natureza? O pecado será transgressão à lei ou como dimensão relacional. Sou amado, logo existo! (Martin Carbajo);

* A beleza da criação permite o conhecimento de Deus. Conexão entre ecologia e ética, formação da consciência, crítica pelas formas de individualismo, exigindo e sendo consequência da conversão ecológica, em ordem à vivência de uma autêntica espiritualidade ecológica (Rino Fisichella);

* Prevalece o mais adaptado e o mais altruísta. Informar a curiosidade exige muitas escalas de tempo – dos 10 anos aos 100 mil anos. É preciso distinguir entre o destinado e o planeado. O futuro é um passado abrindo outra porta (F. Carvalho Rodrigues); * Deve falar-se de normas de proteção dos animais mais do que de direitos dos animais, pois os direitos implicam capacidade de liberdade, deve-se, portanto, terem conta a dignidade sobre a qual se alicerçam dos direitos humanos. Questões a ter em conta sobre a temática do possível estatuto ético dos animais: os gastos excessivos com os animais e as propostas no âmbito da saúde dos animais (Pedro Vaz Patto).

Como nota final destas jornadas de atualização do clero, em que os participantes da Diocese de Setúbal estiveram pela quarta vez consecutiva, considero que é benéfico este processo de conjugação entre as diversas dioceses, se bem que alguns ainda não tenham entendido que esta ação de formação faz parte das obrigações de todos e de cada um dos membros do clero com humildade e de verdade.

Padre António Sílvio Couto, Pároco da Moita

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23 de Janeiro de 2020