Opinião de Tiago e Helena Atalaia, da Equipa da Pastoral da Família de Setúbal
A Declaração dos Direitos Humanos foi um marco de extrema importância na Humanidade. Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos e são fundados sobre o respeito pela dignidade e o valor de cada pessoa seja qual for a sua condição.
O Artigo 3.º afirma que “Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.”
O desconhecimento e o desprezo dos Direitos do Homem conduziram a atos de barbárie que revoltam a nossa consciência. É essencial a proteção dos Direitos Humanos através de um regime de direito.
Em Portugal, por estranho que nos possa parecer existem partidos que lutaram e proibiram a morte de animais em canis municipais, mas agora querem tornar legal matar pessoas em condições de sofrimento. Aos animais humanizam-se os cuidados e aos homens animalizam-se os cuidados.
Estranha sociedade que discute um tema onde à luz da declaração dos Direitos Humanos ficaria silenciado sem mais demagogias.
Qual é a verdadeira questão? Porque é que os mesmos que dizem ser escandaloso matar um cão doente, afirmam que é “digno” matar uma pessoa em sofrimento? Que paradoxo é este que assistimos?
Vamos por partes. A vida tem um ciclo natural. Não escolhemos nascer, mas esse dom foi-nos dado gratuitamente. A morte faz parte desse ciclo natural e vem arrebatadora na sua hora. Querer antecipar ou atrasar essa hora não é natural. Por isso, o cuidado de uma pessoa doente em estado terminal não pode ser objeto de obstinação terapêutica, mas também não pode ser vítima de ideologias que tratam o homem como objeto utilitário.
Uma sociedade de consumo em que a pessoa é vista como útil na sua fase produtiva e inútil na fase em que deixa de produzir bens de consumo ou já não tem “utilidade” social é uma sociedade doente. Tudo o que advém deste pensamento é revoltante.
A eutanásia é disso que trata, retirar da equação pessoas que não produzem e que são gastos para o Estado. O alerta desta situação deve remexer a nossa consciência, criar uma saudável repulsa por este pensamento.
Lutar pela Liberdade da Vida Humana em qualquer situação é urgente. A voz do povo tem de ser ouvida com clareza: o dinheiro serve o homem e não é o homem que está ao serviço do dinheiro.
Os cuidadores informais precisam de apoio social, emocional e financeiro. A vida é sempre digna e sempre necessária até ao último suspiro. Que a voz de todos nós se una com força para uma sociedade justa e fraterna.
Comecemos por assinar e partilhar esta petição.
“Não és frio nem quente: Oxalá fosses frio ou quente! Assim, porque és morno – e não és frio nem quente- vomitar-te-ei da minha boca” (Ap 3,14 ss). Essa tibieza, por vezes disfarça-se de mediocridade, de indiferença mesquinha ou daquele “não te metas” ou do “não fui eu” que tanto prejuízo já nos causou.
E, no que diz respeito ao encontro e convivência entre os homens, não há lugar para meias-tintas. Somos povo. Somos com outros e somos por outros; e, por isso mesmo somos para outros. Porque somos para outros, com outros e por outros, somos povo e nada menos do que povo.
Somos homens e mulheres com capacidade de infinito, com consciência critica, com fome de justiça e fraternidade. Com desejo de saber para não sermos manipulados, com gosto pela festa, amizade e beleza (…). Somos um povo com vocação de grandeza.”
Excerto retirado do livro do Papa Francisco – “O Verdadeiro Poder é Servir”
Tiago e Helena Atalaia, Equipa da Pastoral Família de Setúbal