comprehensive-camels

Igreja em Rede: Quinta-feira da V Semana da Quaresma – “Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia” (Jo 8, 51-59)

Igreja em Rede - formato diocese

Liturgia de Quinta-feira da V Semana da Quaresma

Comentário do padre Rodrigo Mendes, pároco de Santa Maria do Barreiro

A nós que andamos tão assustados com o medo da doença e da morte, diz hoje Jesus: “Se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte!” Estas palavras de Jesus em que acreditamos dão-nos coragem e alegria nestes tempos difíceis. Mas será que vêm desvalorizar todos os esforços que fazemos para vencer a doença e afastar para o mais longe possível a morte física? Certamente que não, bem pelo contrário. Antes de aceitar voluntariamente a morte e ser assim glorificado pelo Pai, Jesus tudo fez para que Ele e os seus irmãos tivessem vida e vida em abundância já neste mundo. É procedendo desse modo que merecemos o dom da Ressurreição e da Vida Eterna.

Neste dia Jesus também nos lembra, retomando o que nos é dito na primeira leitura tirada do Livro do Génesis que, como verdadeiros filhos de Abraão, somos peregrinos neste mundo. Para um peregrino o que importa verdadeiramente é a meta. É ela que dá sentido aos seus passos. É por isso essencial que no seu caminhar não se desvie do rumo e que, se tal acontecer, peça àquele que é “o caminho, a verdade e a vida” que o reoriente no seu caminhar. Como também é fundamental que sacie a sua fome e a sua sede com o alimento substancial e a água viva que Jesus nos dá.

No Domingo passado, ouvíamos Jesus, após chorar como um de nós a morte do amigo, exclamar diante do seu túmulo: “Lázaro, sai para fora!” Certamente que o grande túmulo do qual Jesus nos faz sair é o que construímos com a nossa pouca fé fechando-nos na idolatria do nosso eu e dos bens materiais. Mas esse grande túmulo em que nos podemos encerrar é feito de todos os gestos de egoísmo que nos separam da fonte inesgotável de vida que é o Deus-Amor que se revelou plenamente em Jesus Cristo. Foi insuflando em nós esse Espírito de Amor que ele nos chamou à vida e é amando-nos uns aos outros como Jesus nos amou que recebemos do Pai, por Cristo , com Cristo e em Cristo a Vida em Plenitude.

Somos hoje convidados a ritmar a recitação do Salmo 104 exclamando:  “O Senhor recorda a sua aliança para sempre!” Há momentos em que à primeira vista parece que Deus nos abandona. Depois, pensando melhor, vemos que é nessas alturas que Ele mais de nós se aproxima, recordando-nos aquilo que verdadeiramente nos torna felizes porque é a nossa verdadeira identidade: todos irmãos no mesmo barco, particularmente atentos aos mais frágeis porque todos filhos de Deus, convidados a redescobrir, a agradecer e a respeitar mais os seus dons tão essenciais como a família e a natureza.

Padre Rodrigo Mendes

Partilhe nas redes sociais!
02 de Abril de 2020