Liturgia de Sexta-feira da V Semana da Quaresma
Comentário do padre Francisco Mendes, pároco de Charneca da Caparica
Muitas vezes a angústia que nos cerca – pelo presente, pelo futuro, por aquilo que devia ter sido feito e não foi – enche o coração e tolhe a razão, e até muitas vezes é a capacidade de colocar confiança em Deus que fica afectada. Jeremias faz-nos eco desse tipo de angústia (algo que, nos dias que correm somos capazes de compreender perfeitamente) mas aponta-nos que o caminho é depositar a nossa fé em Deus, que não abandona o Homem na mão de tudo o que o persegue e procura deitar por terra, mas antes o levanta do abatimento, e lhe concede as forças para continuar este combate.
Esta confiança ecoa no salmo que hoje rezamos: «Sois meu protector, minha defesa, meu Salvador (…) do Seu templo Ele ouviu a minha voz». Por isso, no meio da adversidade, é a fé no Senhor que nos dá a certeza firme de que Ele é sempre o mesmo e não engana. As Suas obras falam por si: em Cristo, nas Suas palavras e gestos descobrimos este Pai que quer aproximar-Se de todo aquele que sofre. Na Pessoa de Cristo, Deus é como que «apanhado» em pleno acto de Se baixar para vir ter connosco, para nos pegar ao colo, na expressão feliz de S. Teresa do Menino Jesus.
É verdade que podemos correr o risco – como nos apercebemos pelo Evangelho de hoje – de nem sequer pelos gestos O reconhecermos, o que só pode significar um olhar embotado e um coração atafulhado de coisas que não são importantes. Peçamos-lhe a liberdade de coração, a grandeza de alma e a capacidade de misericórdia.
Padre Francisco Mendes