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Igreja em Rede: Sábado da V Semana da Quaresma – “Para congregar na unidade os filhos de Deus que andavam dispersos” (Jo 11, 45-56)

Igreja em Rede - formato diocese

Liturgia de Sábado da V Semana da Quaresma

Comentário do padre Marco Belchior, pároco do Feijó

Para o evangelista João, o facto de Lázaro ter voltado à vida, e despertado do sono da morte, representa mais do que uma provocação ou uma reivindicação de Jesus sobre qualquer pretensão de poder humano. Caifás que não compreendeu a sublimidade desta linguagem, tal como o leitor ainda hoje não compreende as entrelinhas dos gestos e sinais do Senhor presente e actuante no meio de nós; Caifás está voltado para o lugar físico do Templo e da sua preservação enquanto unidade da nação, tal como nós estamos voltados para a lógica, os raciocínios e para uma concretização imediata das coisas e dos fenómenos. Por isso nos recorda a Escritura: o Senhor conhece os pensamentos dos homens e sabe como são vãos.

Neste olhar sobre a realidade, e a maneira como tantas vezes nos precipitamos no juízo e no agir, João desafia-nos a compreender que a morte de Jesus, além da razão das autoridades do seu tempo, realiza a sua autêntica missão: reunir os filhos de Deus dispersos pelo mundo. Com efeito, a ressurreição de Lázaro é o sinal que aponta para outra realidade e que, naturalmente, pede a abertura e compreensão do coração, isto é, do mais fundo de nós mesmos: Jesus é o novo Templo e, deste modo, refaz, reconstrói, solidifica esse mesmo lugar de adoração e de encontro com Deus. Em virtude de termos sido redimidos pela paixão do Senhor, pela sua entrega voluntária, cruenta30 e obediente ao desígnio do Pai, cada um de nós é este Templo, ou seja, lugar onde o Pai, o Filho e o Espírito Santo agem. Por conseguinte, andamos “dispersos” nesta realidade, na vida quotidiana e o Senhor continua a despertar-nos dos nossos sonos para sermos, consciente, o lugar de encontro com Deus e o preconizarmos nas relações fraternas, justas, solidárias uns com os outros, exprimindo desde já esta reconciliação da pessoa humana com o coração de Deus.

Padre Marco Belchior

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04 de Abril de 2020