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Igreja em Rede: Terça-feira da Semana Santa – “Um de vós há-de entregar-me… Não cantará o galo, sem que Me tenhas negado três vezes” (Jo 13, 21-33.36-38)

Igreja em Rede - formato diocese

Liturgia de Terça-feira da Semana Santa

Chamamento e Misericórdia. Comentário do Padre José Manuel Abreu, Pároco de Azeitão

O texto do Evangelho de hoje coloca-nos na intimidade de Jesus com os seus discípulos na última ceia que desejou ardentemente tomar com eles. Tinha chamado cada um pelo seu nome, conhecendo-os, e depois de cerca de três anos convividos ali está o Senhor a partilhar a sua última refeição com aqueles que se tornaram os seus mais próximos. Cada um dos Doze, pessoalmente amados pelo Senhor que os chamou a segui-l’O, com a sua história pessoal que Ele bem conhece desde o ventre materno, como nos refere Isaías na primeira leitura.

O Senhor bem conhece o coração e a personalidade de cada um melhor do que o próprio. Este chamamento pessoal não partiu de critérios curriculares, de habilidades literárias ou artísticas, ou de outras capacidades físicas ou psíquicas. Os desígnios de Deus são insondáveis. Ele conhecia bem os que tinha escolhido. Os diálogos que este texto nos apresenta evidenciam que o Senhor sabia bem o que se estava a passar no íntimo de cada discípulo, pois anunciou a sua entrega por Judas aos judeus, e a predição das três negações de Pedro. Jesus não vivia iludido, pois Ele “bem conhece o que há no coração do homem” (Jo 2, 24-25).

Não nos detenhamos a condenar Judas ou Simão Pedro pela traição de um ou pelas negações de outro. Nada podemos fazer em relação a esses episódios infelizes do passado de outras pessoas. Admiremo-nos antes do facto de que, sabendo Jesus do que se iria passar, Ele tenha desejado “ardentemente comer esta Páscoa convosco, antes de padecer…” (Lc 22, 15). E ainda pelo facto de ter escolhido o discípulo que O negou para ser o primeiro entre os discípulos depois da sua Ascensão ao Céu.

Detenhamo-nos a contemplar o Mestre que nos chama desde o ventre materno, que nos conhece melhor que nós próprios, e cuja misericórdia é sempre maior do que os nossos pecados e limitações.

Não há nenhum pecado maior do que a infinita misericórdia de Deus. O segundo pecado de Judas foi a desconfiança da misericórdia divina. E foi esta desconfiança que o deixou num beco sem saída e que o levou a acabar com a vida.

Para quem confia no Senhor, não há becos sem saída!

Vivemos uma situação difícil, de confinamento das pessoas em suas casas, da economia na sua atividade, etc. Há sempre alguém que está pior do que nós, e a quem temos de estar atentos, para ajudar no que nos for possível. Também agora o Senhor nos chama para estarmos confinados, mas atentos aos vizinhos, para alguma ajuda que possa ser precisa.

Que estes textos nos possam ajudar a penetrar mais profundamente no mistério do amor divino por cada um de nós. Ele conhece-nos. E ama-nos! Também este exemplo do Senhor Jesus, o único Mestre no ajude a praticar esse amor para com aqueles com quem convivemos e nos encontramos.

Padre José Manuel Abreu

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07 de Abril de 2020