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Igreja em Rede: Segunda-feira da Oitava da Páscoa – “Ide avisar os meus irmãos que devem ir para a Galileia” (Mt 28, 8-15)

Igreja em Rede - formato diocese

Liturgia de Segunda-feira da Oitava da Páscoa

Comentário do Padre Miguel Alves, Pároco de Corroios e Vale de Milhaços

«O meu coração se alegra e a minha alma exulta, e até o meu corpo descansa tranquilo. Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos mortos, nem deixareis o vosso fiel sofrer a corrupção.» São Pedro faz referência a este Salmo proclamado hoje e na noite de Páscoa. Este poema composto por David não se aplica a si mesmo, mas sim a alguém que viria depois dele. Alguém que morre com o coração alegre e com a alma exultante. Descansar tranquilamente… Aquilo que nós chamamos uma “morte santa”… Mas que não fica esquecido por Deus na morada dos mortos, no esquecimento, na corrupção!

A Ressurreição de Jesus não foi meramente espiritual, foi corporal, assim como também o foi a sua morte. O Corpo de Jesus que nasceu da Virgem Maria, passou por tudo o que os nossos corpos passam, inclusive o sofrimento e morte. O Apóstolo diz-nos que esse Jesus que fez muitos milagres dignos de crédito, apesar de rejeitado pelos homens, não foi esquecido por Deus na corrupção do túmulo. O Seu Corpo Ressuscitado é a prova que a Sua Vida é bem mais poderosa que o ódio. O Seu Corpo Ressuscitado continua a ser sinal e veículo do Amor do Pai pela Humanidade. É corporalmente que amamos e somos amados, é corporalmente que Jesus continua a amar e a ser amado.

Desde o Domingo de Pascoa até ao Domingo da Misericórdia rezamos na Oração Eucarística que o Senhor «ressuscitou segundo a carne». Esta carne traz dignidade à nossa carne. Já não caminhamos para uma morte em que desaparecemos no esquecimento, ou que nos libertamos de um fardo pesado material. Não! A Ressurreição de Jesus segundo a carne é um relâmpago que ilumina a nossa corporeidade, a nossa capacidade de entrega, de amar. A morte já não tem domínio sobre Cristo. A corrupção não canta vitória sobre os Cristãos.

Ainda uma referência à Galileia, a essa zona tão cheia de pagãos… Aí onde «uma Luz se levantou para os que habitavam na sombria região da morte» no início da pregação do Nazareno, é onde vai iniciar também a pregação da Sua Igreja. O lugar onde Ele nos espera é lá, no meio dos gentios. Alguns podemos cair no embuste de procurar Jesus e de O anunciar no meio dos crentes. Mas o Ressuscitado que esteve na Cruz, o Justo que esteve entre os malfeitores, quer encontrar-se connosco em contexto adverso. Lá O encontraremos!

Padre Miguel Alves

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13 de Abril de 2020