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Plantar em Família: 7 sugestões para ser, cuidar e rezar em quarentena  

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Iniciativa da Pastoral Familiar da Diocese de Setúbal acompanha a Oitava da Páscoa

“Este é o tempo favorável”. Dizer isto, nas circunstâncias de pandemia que vivemos, parece uma contradição. Somos seres de relação, de proximidade, de ver, tocar, sentir os outros. E agora estamos confinados! Somos seres de dádiva, de projetos, de aventura. E agora estamos limitados!

Todos os tempos críticos da história fizeram emergir poetas, artistas, pensadores, santos e mártires. Este não será diferente. Há sempre tantas potencialidades dentro de cada filho de Deus! A novidade acontece quando há depuração de elementos, para que novas combinações essenciais sejam possíveis. E estamos nestas circunstâncias, favoráveis à novidade, favoráveis à santidade!

A Pastoral Familiar da Diocese de Setúbal sugere, para os próximos 7 dias, algumas orientações para o cuidado psicológico na vida das famílias, tendo em vista uma adaptação mais adequada face às novas exigências emocionais, sociais e de saúde. 

Esta orientação pretende ser um incentivo para cuidarmos uns dos outros de modo a que todos se sintam amados e seguros, sob o olhar de Deus. Desejamos que possam contribuir para uma vivência deste tempo de confinamento como um tempo favorável.

A proposta “Plantar em Família” foi elaborada pelas psicólogas Alexandra Chumbo, Janete Moreira e Maria João Alves.

Ao longo da semana, as orientações vão ser publicadas através das páginas de Facebook e Instagram da Diocese, bem como no presente artigo.

 

Estabeleçam um horário próximo do que tinham, mantendo as rotinas que são possíveis: higiene e cuidado pessoal, refeições, teletrabalho ou trabalhos domésticos, bricolage, exercício físico, oração, horas de sono, etc.

Introduzam novas rotinas e alguns rituais que as favoreçam, por exemplo: estar sozinho (é normal ter necessidade de um tempo de privacidade mas deve prevenir os seus para que fique claro que não está a fugir);

Praticar exercício físico e/ou de relaxamento (com roupa de desporto, num espaço organizado, eventualmente em família); receber luz natural, manter algum tipo de trabalho manual, podem ser atividades úteis para diminuir as consequências da quarentena. 

Tenham cuidado especialmente com a alimentação; não é por estar de quarentena que não se pode ser saudável! Além disso, não queremos que a ansiedade “vá direita” ao estômago. Pensar e preparar as refeições em conjunto, escolhendo ingredientes apetecíveis, mas saudáveis (sim, o consolo também passa pela comida!).

Quando há crianças, o seu despertar deve ser valorizado: o pequeno-almoço, o vestir-se e cuidar-se como se fosse para a escola. Com elas, o plano do dia, com um mapa visual por semanas, pode ser muito útil e estruturante: tempo de brincadeira, de estudo, de colaboração nas tarefas domésticas, de ginástica, de lazer, de oração e chamadas com os amigos e familiares.

É importante acompanhá-los nos trabalhos escolares, mas intervir na aprendizagem apenas quando eles pedem ajuda. É desejável que cada um se mantenha no seu papel, sem arriscar exasperar os filhos! 

Televisão, tablets, telemóveis e jogos eletrónicos devem estar acessíveis só em certos horários, evitando interrupções e dispersão. 

Para terminar…

Pouco, Pequeno, Possível

Que cada um perceba o que Deus lhe pede neste momento. O que está ao seu alcance para ser luz de Deus na sua casa. Como fazer para ter um lar luminoso e alegre em plena quarentena.

 

Consintam a oferecer-se tempos de novidade, que fomentem pensamentos e emoções positivas. Este pode ser um tempo para ligar “pontas soltas” da vida.

Dedicar mais tempo à leitura (não para o trabalho!), pesquisar sobre temas de interesse pessoal, cozinhar com arte e com alma, estudar a Bíblia, contactar com amigos com quem há muito não falavam, desenvolver um talento há muito sonhado, etc.

Afinal, é provável que, tão cedo, não haja outra oportunidade de disponibilidade temporal como esta. 

Para terminar…

Luz

Ser luz do mundo na própria casa. Que desafio tremendo nos dias de hoje: ficar tanto tempo fechados em casa… Que luz podemos tirar disto? Que caminho de santidade nos quer Deus mostrar cada dia?

 

Consoante a sua idade e personalidade as pessoas reagem de maneira diferente. Nas fases de mais stress, as crianças podem pedir mais colo, mostrarem-se mais dependentes, ansiosas, agitadas, zangadas ou isolarem-se. 

Os sénior tendem a reagir de formas semelhantes; à sua maneira, também pedem mais atenção e respostas que não temos para dar.

Em conjunto, procurem ser compreensivos uns com os outros. Ofereçam-se carinho e dedicação. Sobretudo, escutem as perguntas e preocupações que cada um tem, mesmo que não saibam responder.

Tranquilizem-se. Brinquem e interessem-se pelas descobertas que cada um faz. Por uns momentos, desfrutem, riam muito e encantem-se. É também uma oportunidade

Para terminar…

Amor

Amor é sentimento, “amorizar” é colocar o sentimento nas ações do quotidiano, por mais pequenas que sejam essas ações… dar do melhor que temos de dentro de nós, pela influência do Espírito do Senhor!

 

Com o afastamento social, há a tendência para acharmos que temos de estar sempre contactáveis.

Não é verdade. Saber dizer não, por alguns momentos, e voltar a centrar-se no essencial continua a ser válido, mesmo em tempos de quarentena. 

As solicitações constantes das redes de comunicação não nos devem culpabilizar: o normal é não estar sempre disponível.  

Para terminar…

Natal

Natal cada dia, sim, hoje também deve o nosso coração estar preparado para acolher Jesus, para acolher os que nos são mais próximos… E por isso também, tantas vezes, mais nos irritam e enlouquecem! Bendito seja Deus que se fez pequenino e quis nascer para nós!

 

Assegurem-se que recebem informação oficial, suficiente e verídica, mas evitem o excesso que pode produzir sensações de inquietação, ansiedade, medo, sobrevalorização, ideias irracionais e pensamentos negativos.

Pode ser útil contactar pessoas da nossa confiança que ajudem a traduzir o que ouvimos, vemos e lemos.

Para além disso, as pessoas não têm a mesma necessidade de informação; sobretudo os adultos devem fixar momentos para se informarem, sem que toda a família a tal precise de ser submetida. 

Para terminar…

Transfiguração

Só Jesus viveu a transfiguração, mas nós podemos viver uma bela transformação. Chegados a certo cansaço, vemos mais pontos fracos do que antes… Isso pode ser excelente porque nos leva a pedir com verdade: ajudai-nos Senhor! Ele não falta, nunca, com a sua graça!

 

 

 

 

 

 

É normal que se sintam alterados, nervosos e mais reativos. Procurem aceitar essas emoções e não se culpabilizem. 

É bom poder falar abertamente com amigos e familiares, com o padre ou o/a religioso/a amigo/a. Experimentem, mesmo por telefone, rezar juntos. 

A incerteza exige mais confiança e, psicologicamente, podemos treiná-la. Espiritualmente, procurem abandonar-se à Providência que tem tudo nas Suas mãos. Incitem conversas alternativas e explorem interesses comuns entre os membros da família. Quem sabe, tornem-se peritos no humor

Deve explicar-se às crianças o que se está a passar, com palavras adaptadas à sua idade para que compreendam e que se sintam protegidas estando em casa com a família. Se tiverem conhecidos ou familiares infetados, refiram com segurança que os médicos os vão ajudar

A forma de os adultos lidarem com as mudanças e exigências nesta situação será um fortíssimo exemplo para as crianças. 

Para terminar…

Alegria!

Viver alegres e gratos, desde logo, pela casa que nos abriga. Como ser fonte de alegria para todos os que nela vivem? Não há doença nem medo que Jesus não tenha vencido e, com Ele, também venceremos: Aleluia, alegremo-nos.

 

Celebrar a fé em tempo de crise pode ser muito frutífero.

Procurem ter um momento de oração diária em família, por mais simples que seja. Uma ideia: fazer uma escala com o responsável pela oração do dia. Se escolherem rezar com as redes sociais, lembrem-se que não é por não sermos vistos que podemos estar de pijama! 

Cuidar do nosso exterior e adotar posturas de oração, ajudam o coração a centrar-se e a levar com seriedade esse momento. 

Escolham um determinado lugar, adotem um certo ritual que vos agrade: luzes da casa reduzidas, música suave, vela acesa, imagem de Jesus e Maria, um santo, fotografias de quem amam. 

Para terminar…

Ressuscitou! Aleluia!

“Eis o anúncio pascal, anúncio de esperança. É uma esperança nova, viva, que vem de Deus. Não é mero otimismo, não é uma palmada nas costas nem um encorajamento de circunstância. É um dom do Céu, que não podíamos obter por nós mesmos.” (Papa Francisco). A Ele nos confiamos, inteiramente, seguros da Vitória do Amor!

[Orientações preparadas pelas Psicólogas Dra. Alexandra Chumbo, Dra. Janete Moreira, e Dra. Maria João Alves]

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13 de Abril de 2020