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Igreja em Rede: Quarta-feira da Oitava da Páscoa – “Reconheceram-n’O ao partir o pão” (Lc 24, 13-35)

Igreja em Rede - formato diocese

Liturgia de Quarta-feira da Oitava da Páscoa

Comentário do Padre José Carlos Eugénio, Capelão do Santuário do Cristo Rei

O nosso Deus é de facto um Deus de surpresas. A prova disso, e uma vez que estamos na oitava de Páscoa, é que todos os relatos das aparições de Jesus ressuscitado revelam que os discípulos foram sempre surpreendidos pela graça inesperada do encontro com o Ressuscitado. Efetivamente, nenhum deles esperava encontrar-se com o Senhor ressuscitado, porque nenhum deles acreditava na ressurreição. Da mesma maneira também o coxo de nascença, sentado todos os dias à porta do Templo, foi surpreendido por algo que ele nunca esperou: o milagre da cura.

Sobretudo com estes dois acontecimentos, descobrimos que é necessário que todos cheguemos à fé no Ressuscitado, mediante aquilo que o Papa Francisco chamou “terapia da esperança”. Este tipo de terapia é o que permite viver o encontro surpreendente, inesperado e pessoal com Jesus ressuscitado. Através deste processo terapêutico, num primeiro momento, Jesus destrói as expetativas ou esperanças humanas (o coxo de nascença não recebeu a esmola que esperava e nem os discípulos de Emaús o libertador político que esperavam) e, num segundo momento, Jesus infunde a verdadeira esperança, abrindo de par em par as portas à graça da surpresa.

No caminho de Emaús, Jesus parte da situação existencial em que os dois discípulos se encontravam naquele momento, isto é, o sem-sentido e o vazio de terem perdido Jesus, caminhavam profundamente desiludidos e dececionados, tinham abandonado a comunidade para voltarem ao seu velho mundo, isto é, às suas ocupações passadas. Fogem, mas Jesus sai-lhes ao encontro e inicia com eles a “terapia da esperança”. Jesus ajuda-os a ler o plano de Deus e a recuperar a esperança. Lembra-lhes as Escrituras e interpreta-as. No coração deles reacendeu-se a chama da verdadeira esperança. Finalmente, com o gesto da fração do pão, abriram-se-lhe os olhos à surpresa e reconheceram-n’O.

Depois, transformados em homens novos, voltam a Jerusalém, à comunidade dos discípulos, alegres e com a fé e a esperança renovadas. Foram surpreendidos pelo Ressuscitado e são, misteriosamente, impelidos a regressar para junto da comunidade e partilhar a experiência do encontro com o Ressuscitado.

O relato de Lucas refere-se a um facto que aconteceu, mas, também, a um facto que deve acontecer na vida de todos os cristãos. A escuta da Palavra e a partilha do Pão, isto é, a Eucaristia, deve levar-nos a reconhecer a Cristo Ressuscitado, presente no meio de nós.

Padre José Carlos Eugénio

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15 de Abril de 2020