Liturgia de Terça-Feira da II Semana da Páscoa
Comentário do Padre Marco Luís, Pároco de Almada
“O vento sopra onde quer. Ouves a sua voz, mas não sabes donde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito”, diz Jesus a Nicodemos.
Não parece, assim num primeiro olhar, muito agradável não saber de onde vimos nem para onde vamos. Nestes dias que vivemos, de uma incerteza tão acentuada nas nossas vidas quanto ao nosso futuro, pode causar alguma angústia não sabermos para onde caminhamos.
Jesus fala do caminho para o céu. Jesus é elevado sobre a cruz para que todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna. No deserto das nossas vidas temos no céu a terra prometida mas para isso é preciso nascer de novo.
“Como pode ser isso?” Nem pelo poder nem pela força mas pelo Espírito Santo. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito Santo. Jesus, que desceu do céu e de novo subiu ao céu, faz descer o Espírito Santo para que nós possamos nascer de novo, para que possamos nascer de novo pelo batismo para a vida eterna. Jesus elevado na cruz nos eleva para o alto.
Por isso, a cruz é caminho de vida eterna. Por isso é preciso morrer para nascer de novo. Morrer para nós mesmos, morrer para o mundo, morrer para as obras do demónio para aspirarmos as coisas do céu.
A primeira leitura dos Actos do Apóstolos apresenta a Igreja nascente num só coração e numa só alma colocando tudo em comum porque haviam abraçado a fé. Ninguém considerava seu o que lhe pertencia. Por isso não havia entre eles qualquer necessitado.
Em tempos de renovada exigência para as nossas vidas por causa da pandemia que vivemos, temos de reaprender a colocar em comum o que possuímos. O bem mais precioso que é a nossa vida com todos os seus dons: humanos, espirituais e materiais. Procurando viver num só coração e numa só alma. É tempo de clamar pelo Espírito Santo que torna possível o que é impossível às nossas forças.
Padre Marco Luís