Liturgia de Quinta-Feira da II Semana da Páscoa
Comentário à liturgia de hoje pelo Padre Luís Marques, Administrador Paroquial de Vale de Figueira
Em tempo pascal este trecho do evangelho apresenta-nos Jesus como Aquele que vem do alto enviado por Deus. Jesus é o enviado do Pai, o Messias esperado. Ele é o que proclama as palavras do Pai e dá testemunho do que viu e ouviu.
Este é coração da experiência cristã, a saber: o encontro com Cristo. Neste encontro somos convidados a escutar as palavras do alto que Deus depositou nas mãos de Jesus para nos oferecer. Que palavras são essas? Palavras de vida, de perdão, de misericórdia, de salvação e de libertação do pecado e da morte.
As palavras do alto proclamadas por Jesus são acompanhadas pelo seu testemunho, ou seja, pela sua vida e pelas suas obras. É na experiência do encontro com Cristo, a que somos chamados continuamente, que as palavras do alto se fazem vida na nossa vida, em que experimentamos o seu amor e a sua misericórdia, porque o Senhor faz-se próximo e salva os que têm o coração atribulado e o ânimo abatido (Sl 33 (34), 18).
Hoje, nas circunstâncias actuais de pandemia que vivemos, esta palavra do evangelho é um apelo a olhar para as palavras de vida que descem do alto. Palavras de vida e consolação, de perdão e esperança. Este é um apelo a escutar o Senhor, um apelo a deixar-se tocar pelo seu testemunho que tem a forma da cruz, isto é, do Seu corpo entregue e do Seu Sangue derramado.
A actual circunstância, seguramente difícil e até dramática, revela-se como uma verdadeira oportunidade para nos deixarmos tocar pelas palavras que do alto nos chegam por Jesus, principalmente, essa palavra de vida eterna que brota da fé e do encontro com o Ressuscitado, e que, hoje, a Igreja, assistida pela força do Espírito Santo, tem para oferecer a cada homem.
Tocados por este anúncio sempre novo, deixemos reavivar em nós aquela sede das palavras do Alto que um dia o monge poeta, frei Bernardo de Vasconcelos, cantou no seu Cântico de Amor:
“Um dia tive sede de Infinito
e senti-me no mundo insatisfeito…
Ergue-se alfim meu coração contrito
a místicas alturas no meu peito”.
Padre Luís Marques