Liturgia de Segunda-feira da III Semana da Páscoa
Comentário à liturgia de hoje pelo Padre Afonso Liberal, Vigário Paroquial da Cova da Piedade
O evangelho de hoje, juntamente com o de amanhã, constitui a introdução do discurso do pão da vida que, segundo o evangelho de João, Jesus pronunciou na sinagoga de Cafarnaum.
Terminada a multiplicação do pães, Jesus despediu a multidão que tentava proclamá-lo rei; Jesus retira-se para a montanha para orar. Durante a noite e caminhando sobre a agua, junta-se aos discípulos que se dirigiam de barco para Cafarnaum. Muitos partiram em busca de Jesus até que o encontram no dia seguinte em Cafarnaum e perguntam a Jesus: Mestre, quando chegaste aqui? Jesus não responde à sua pergunta, mas começa por comentar o milagre da multiplicação, pondo a descoberta a intenção oculta dos que o seguem:
“Em verdade vos digo, vós procurais-me não porque vistes milagres, mas porque comestes até vos saciardes.”
Cristo sofre a incompreensão do povo, em cujo o beneficio operou grandes obras. Do mesmo modo, o diácono Estêvão verá correspondida a sua actuação em favor do povo com ódio, a calúnia, a prisão, como vimos na primeira leitura.
Como sempre acontece com a multidão, o povo alimentado por Jesus, queria um deus de uso e consumo, um deus que sirva os nossos interesses e necessidades, um deus comercial que oferece e distribui os seus dons ao capricho do pedido. Este é o deus de uma fé supersticiosa e de uma religião natural que encerra Deus nos limites dos ritos.
Jesus vê nessa procura do pão material uma oportunidade para proclamar uma norma superior “trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que perdura, aquele que vos dará o filho do homem; este foi selado por Deus, o Pai”.
Quando as pessoas lhe perguntam: como podemos ocuparmo-nos nos trabalhos que Deus quer, Jesus responde: “Este é o trabalho que Deus quer; que acrediteis Naquele que Ele enviou.”
Das palavras de Jesus depreende-se que a fé é graça e dom de Deus e ao mesmo tempo tarefa e resposta livre do homem. Assim irmãos trabalhemos pelo alimento que perdura e dá a vida eterna.
Padre Afonso Liberal