Liturgia de Quarta-feira da III Semana da Páscoa
Comentário à liturgia de hoje pelo Padre Agostinho Basílio Teixeira Mendes, scj, Pároco de Alhos Vedros e Santo André, Barreiro
“Deus é luz e nele não há nenhuma espécie de trevas” (1 Jo 1,5)
Nesta Quarta-feira da 3ª semana de Páscoa, dia 29 de Abril, celebramos a Festa de Santa Catarina de Sena, Virgem e Doutora da Igreja, Padroeira da Europa. Somos convidados a saborear e a interiorizar, também nós como Santa Catarina, o mistério de Deus tal qual foi revelado em Jesus Cristo e testemunhado pelo apóstolo e Evangelista São João: “Esta é a mensagem que ouvimos de Jesus e vos anunciamos: Deus é luz e nele não há nenhuma espécie de trevas. Se dizemos que temos comunhão com Ele, mas caminhamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Pelo contrário, se caminhamos na luz, como Ele, que está na luz, então temos comunhão uns com os outros e o sangue do seu Filho Jesus purifica-nos de todo o pecado” (1Jo 1,1-7).
Jesus disse-nos que Deus é luz. O cristão deve caminhar na luz, que alegra, ilumina e é símbolo de tudo o que há de bom e puro. O contrário, o mal, é simbolizado pelas trevas.
O cristão, sepultado com Cristo no Batismo, renasce nova criatura, deixando para trás tudo o que era trevas, pecado, homem velho. A Páscoa da Ressurreição do Senhor que estamos a celebrar, é “passagem”, da morte à vida, das trevas do sepulcro à Luz gloriosa que ilumina a Terra inteira.
Luz/trevas, bem/mal, verdade/mentira, graça/pecado… são incompatíveis, não podem estar juntos na mesma pessoa. Jesus veio até nós para iluminar as nossas trevas: “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não anda nas trevas”. Usou palavras bem duras contra a hipocrisia dos que pela frente mostram uma coisa e por dentro estão tão longe da luz de Deus.
Mas, estar em comunhão com Deus e andar na luz não significa ser impecáveis. Se o cristão se dá conta de que a sua comunhão com Deus foi quebrada pelo pecado, deve recordar que Jesus Cristo é seu intercessor e defensor diante do Pai. “Filhinhos meus, escrevo-vos estas coisas para que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos junto do Pai um advogado, Jesus Cristo, o Justo” (1 Jo 1,11).
O Evangelho de hoje leva-nos a descobrir o segredo do sucesso de tantos santos e santas, como a Santa que hoje é celebrada. “Eu te bendigo, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11,25). É de facto a humildade e a simplicidade de coração que abre caminho à Luz do Espírito de Sabedoria, que leva os santos a grandes empreendimentos. Catarina de Sena morreu com apenas 33 anos de idade, mas uma vida rica de obras de luz.
Que ela, Padroeira desta Europa à procura de unidade e de valores, interceda por nós junto do Senhor para que iluminados pela Luz de Deus possamos criar uma sociedade mais condizente com os “pequeninos” do evangelho.
Padre Agostinho Basílio Teixeira Mendes, scj