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Igreja em Rede: Dia de São José Operário – “Não é Ele o filho do carpinteiro?”(Mt 13, 54-58)

Igreja em Rede - formato diocese

Liturgia do Dia de S. José Operário

Comentário à liturgia de hoje pelo Padre Tiago Ribeiro Pinto 

Memória de São José Operário. «Não é Ele o filho do carpinteiro?» (Mt 13, 54-58)

Foi recorrente na Igreja o costume de dar sentido cristão às comemorações pagãs. Valendo-se de marcos importantes relacionados com a fé, bem como da memória dos santos, a Igreja inseriu no seu calendário festas litúrgicas que coincidiam com as festas civis. Desse modo, sobrenaturalizou valores humanos por ela já incentivados e considerados bons, dando-lhes uma motivação verdadeiramente espiritual.

Nessa tradição, o Papa Pio XII instituiu, em 1955, a memória de São José Operário a 1 de Maio, dia em que se comemora, no calendário civil, o dia do trabalhador.

O Papa elegeu como patrono deste dia São José, esposo castíssimo de Maria e pai adoptivo de Nosso Senhor Jesus Cristo, Verbo encarnado; São José, humilde e diligente carpinteiro. Assim, a Igreja exalta as suas virtudes e coloca o Santo Patriarca como modelo universal para os trabalhadores de todos os tempos e condições, querendo «[…] reafirmar, solenemente, a dignidade do trabalho a fim de que inspire a vida social, as leis da equitativa repartição de direitos e deveres» (Pio XII).

De facto, São José não deixa de ser modelo para os estudantes, pais de família, profissionais e para todos aqueles que, no trabalho diário, não rejeitam esforços na procura de um futuro mais digno para si e para os seus. «O trabalho de S. José não foi um trabalho que visasse a auto-afirmação, embora a dedicação a uma vida operativa tenha forjado nele uma personalidade madura, bem delineada. O Santo Patriarca trabalhava com a consciência de cumprir a vontade de Deus, pensando no bem dos seus, Jesus e Maria, e tendo presente o bem de todos os habitantes da pequena Nazaré» (S. Josemaria, Cristo que passa, 51).

Apesar de ainda hoje a quererem silenciar, a Igreja não pode calar a sua Doutrina Social. Enaltece a própria Igreja o valor do trabalho como importante valor para a humanidade, sem se deixar influenciar por concepções ideológicas contrárias à sua doutrina de sempre. Nesse sentido, o Papa São João Paulo II exortou, na encíclica Laborens Exercens que é «mediante o trabalho que o homem deve procurar o pão quotidiano e contribuir para o progresso contínuo das ciências e da técnica, e sobretudo para a incessante elevação cultural e moral da sociedade, na qual vive em comunidade com os próprios irmãos» (n.º 1).

No Evangelho, Jesus é tratado por «o filho do carpinteiro». Nesta memória de São José Operário, reconhece-se a dignidade do trabalho humano como dever e aperfeiçoamento do homem, exercício benéfico do seu domínio sobre a criação, prolongamento da obra do Criador e contribuição para o plano da Salvação. Tendo como modelo S. José, serve-se o próprio Deus, que nos convida à busca da santidade, pelo exercício do trabalho diário, seja ele qual for.

Deus não dá a graça da santidade apenas a um grupo seleto. A santidade é universal (Lumen Gentium, 40) e deve ser procurada em todas as condições de vida, como ensina Santo Afonso Maria de Ligório: «o religioso como religioso, o secular como secular, o sacerdote como sacerdote, o casado como casado, o mercador como mercador, o soldado como soldado, e assim por diante com todas as outras condições».

Sabendo que, assim, cumpriremos o plano de Deus para a nossa vida: a salvação das nossas almas. Recorramos também sempre, mas particularmente neste mês de Maio, a Nossa Senhora, também Ela modelo para nós, com a oração do Santo Terço, como nos pediu em Fátima.

Padre Tiago Ribeiro Pinto

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01 de Maio de 2020