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Igreja em Rede: Sábado da III Semana da Páscoa – “Para quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6, 60-69)

Igreja em Rede - formato diocese

Liturgia de Sábado da III Semana da Páscoa

Comentário à liturgia de hoje pelo Padre Júlio Ferreira do Vale, Pároco da Comporta

«Com Cristo fostes sepultados no Batismo e também com Ele fostes Ressuscitados pela fé no poder de Deus que O Ressuscitou dos mortos. Col 2, 12»

É este o sinal, o “click”, que faz ressoar as campainhas que nos alertam na alegria da mensagem da Fé. 

Os milagres que nos são descritos no Atos dos Apóstolos são fortes impulsos do Espírito Santo, que nos ajudam a perceber a paz que é fruto do Espírito, que no tempo de Pedro pairava sobre a Igreja. Este, na sua visita pastoral fora de Jerusalém, cura um coxo e ressuscita uma senhora, ocasionando assim muitas conversões que ajudam a Igreja a edificar-se e a desenvolver-se. 

Como vemos no evangelho de hoje (Jo 6, 60-69), Jesus com as suas palavras nem sempre agrada aos seus ouvintes: muitos discípulos tinham ouvido de Jesus, palavras que eles chamavam duras – «Quem pode escutá-las?» Então o que é que eles ouviram? «Em verdade em verdade vos digo: se não comerdes mesmo a Carne do Filho do Homem e não beberdes o Seu Sangue não tereis a vida em vós» (Jo 6, 53-54). Porque eles não entenderam que Ele lhes falava da Eucaristia. A Eucaristia é o Sacramento que manifesta eficazmente na comunidade esse compromisso com a Encarnação, a Morte e Ressurreição. A vida definitiva encontra-se precisamente na condição humana de Jesus, sendo Ele o Filho de Deus que se encarnou para dar a vida aos homens.  

Peço a Deus que nos ajude a não ter a atitude de alguns discípulos que, não aceitando a provação e o convite de Jesus, foram embora. Então Jesus disse aos doze «Também vós quereis ir embora?» Ajuda-me Senhor e a todos os cristãos a responder como Simão Pedro, «Para quem iremos Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós acreditamos e sabemos que Tu És O Santo de Deus». 

Permitam-me um desabafo pessoal. No passado dia quinze de março, depois de ter participado num belo retiro espiritual, na casa de retiros do Turcifal, chego à igreja para recitar o terço e depois celebrar a missa, mas comparando com o domingo anterior em que tinha tido a igreja cheia, naquele dia tinha apenas cinco pessoas de boa vontade: não consegui conter as lágrimas e chorei. Coloquei nas mãos de Deus e de sua Mãe Santíssima uma profunda desolação, senti a falta e o calor da Assembleia em festa na celebração da Eucaristia.

Celebramos hoje na Liturgia Ferial, a memória de Santo Atanásio, Bispo e Doutor da Igreja. Nasceu em Alexandria em 298 de família distinta. Foi educado em casa do Bispo, recebeu a educação literária na escola catequética e a espiritual entre os monges do deserto. Cinco vezes foi desterrado da pátria. De quarenta e cinco anos de episcopado passou dezassete em exílio, mas nunca deu um passo cobarde e foram muitos os que não desfaleceram na confissão da verdadeira Fé, graças ao seu exemplo e exortações. Jesus Cristo não ilude ninguém: Ele diz aos seus Apóstolos (Mt 5, 10-12) «Bem Aventurados os que sofrem a perseguição por amor de justiça porque deles é o reino dos Céus e ainda Bem Aventurados sereis quando por minha causa vos insultarem, mentindo e disserem todo o mal contra vós. Exultai e alegrai-vos porque será grande a vossa recompensa nos Céus.»

Padre Júlio Ferreira do Vale

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02 de Maio de 2020