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Igreja em Rede: Segunda-feira da IV Semana da Páscoa – “Eu sou a porta das ovelhas” (Jo 10, 1-10)

Igreja em Rede - formato diocese

Liturgia de Segunda-feira da IV Semana da Páscoa

Comentário à liturgia de hoje pelo Padre João Luís Paixão, Pároco da Trafaria

A imagem do Pastor tem na Sagrada Escritura um sentido muito amplo que remonta a Abel e Caim (Gn 4,2) e assume em Moisés o prenúncio do verdadeiro pastor, Jesus Cristo, aquele que oferece o Sacrifício agradável a Deus, aquele que conduz o povo à verdadeira libertação, não de um ensino ou uma pregação, mas com o oferecimento da sua vida. Por isso, Jesus deu, dá e sempre dará, a vida pelas suas ovelhas.

Um ponto a reter nesta imagem do Pastor apresentada por Jesus, é o de que a ovelha não pode subsistir sozinha. Lembremo-nos do Pastor que vai à procura da ovelha perdida, porque o lugar das ovelhas é no rebanho. Do mesmo modo, nós, cristãos, não nos tornámos Filhos de Deus sozinhos, mas renascemos no Baptismo para e da Comunidade. Nascemos de uma fé comum e vivemos uma fé comum; não é possível ser-se verdadeiramente Cristão por conta própria, e de acordo com os nossos mandamentos e desejos. O rebanho só o é em união com o Pastor e neste tempo de dificuldades não podemos perder do horizonte o sermos comunidade, ainda que confinados, não estamos isolados. O Senhor Bom Pastor conduz-nos aos prados verdejantes que é imagem da Igreja: nela brota a água cristalina que nos mata a sede. E se estamos impedidos de frequentar o templo, não esqueçamos que somos Igreja.

É tempo também de purificarmos o nosso olhar para este rebanho do qual é Jesus a porta e o pastor. Um rebanho que acolhe, um rebanho que reconhece que a vida que o pastor dá pelas ovelhas é um rebanho que acredita que Deus deu também aos gentios o arrependimento que a ela conduz (Act 11,18).

Somos uma Igreja onde não há excluídos, excepto aqueles que se excluem. Mas mesmo desses, Jesus não desiste. O outro aprisco que João nos fala pode também significar o marginalizado, o que não encontra lugar na Igreja, o que olha para o rebanho sem sentir que só ali encontra o lugar seguro, porque o próprio Jesus é a porta. Não uma porta que se fecha, mas uma porta que abre por dentro para a todos acolher. “Eu estou à porta e chamo” (Ap 3,20). O desafio de sermos hoje esse rebanho está no acolhimento que fazemos do outro. Jesus afirma que dá a vida pelas ovelhas. E nós? Não somos também todos pastores, não teremos ovelhas sob o nosso cuidado? Qual a nossa atitude? A do Mestre ou daquele que foge com medo dos lobos que atacam o rebanho? Pedro, como sempre, generoso, é este sinal de esperança para as comunidades nascentes, de um Deus que a todos abraça.

Nossa Senhora, divina pastora que todos leva a Seu Filho, nos ajude a imitar as suas santas virtudes, para que do pequenino rebanho nenhum se perca.

Padre João Luís Paixão, Pároco da Trafaria

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04 de Maio de 2020