Liturgia de Sexta-feira da IV Semana da Páscoa
Comentário à liturgia de hoje pelo Padre Luís Martins Ferreira, Pároco de Santa Cruz, Barreiro, e Reitor de Nossa Senhora do Rosário
Vivemos este Tempo Pascal num ambiente contraditório. Conforta-nos, por um lado, a alegra do Senhor Ressuscitado, mas, como nos primeiros dias da Igreja, fechados em casa, não com “medo dos judeus”, mas para nos defendermos a nós e aos outros, desta pandemia. É, por isso, também um tempo marcado pelo medo e pela angústia em relação ao futuro. Um ambiente semelhante ao vivido pelos primeiros discípulos antes do dia de Pentecostes.
Como diz Paulo, na sinagoga da Antioquia da Pisídia, o anúncio do Senhor Ressuscitado é uma Palavra de Salvação. Esta é a Boa Nova que desde o início os cristãos devem proclamar, não apenas por palavras, mas também com gestos de caridade fraterna. Como diz o Evangelho de S. Mateus, o encontro com o Senhor Ressuscitado faz-se na pessoa do irmão necessitado.
Esta pandemia, além de muitas mortes, vai provocar uma grave crise económica. Muitos milhões já perderam os seus empregos. A Igreja tem de estar na linha da frente na luta contra a pobreza que ela vai provocar.
Como nos diz o Senhor Jesus, no Evangelho de São João: “Não se perturbe o vosso coração”. A fé no Senhor Ressuscitado dá-nos a certeza de que a morte vai ser vencida. Hoje, a Humanidade é colocada perante um enorme desafio: não só lutar contra o COVID 19, evitando o maior numero de mortes possíveis, mas sobretudo empenhando-se em ajudar todos os que vão ser atingidos pelas consequências económicas provocadas pela atual crise sanitária. Costuma-se ouvir dizer que este é um vírus democrático. Mas sabemos que nos países com um sistema de saúde frágil ou inexistente ele está a ser muito mais mortífero.
Para o cristão, o Caminho é o Senhor Jesus. Fazer o Caminho de Jesus é viver ao jeito dos valores do Evangelho. É seguir o Senhor Jesus no encontro com os fracos e os deserdados deste mundo. O cristão tem de ter, como Ele, um coração que se encha de compaixão. Jesus é, pois, o nosso Caminho, Nele encontramos a Verdade e chegaremos à Vida.
João reforça nesta passagem do Evangelho como pode cada um de nós se encontrar com Deus. “Ninguém vai ao Pai senão por mim“. Como diz Paulo, na primeira carta a Timóteo: “Cristo é o único mediador entre Deus e os homens”.
Padre Luís Martins Ferreira