Liturgia da Festa de Nossa Senhora de Fátima
Comentário à liturgia de hoje pelo Padre João Luís Ferreira, Capelão do Centro Hospitalar Barreiro Montijo
A «novidade» dos dias que vivemos, devida à pandemia pelo COVID 19, mais do que as medidas que tomamos para cuidar dos doentes e evitar novos infectados, é «o novo grande olhar» para tudo o que constitui a experiência humana, o seu significado e a esperança que a sustenta.
Eu surpreendo-me de ter uma consciência e um viver de criança, embora já conte mais de sessenta anos. Como não cresci mais? Como sou ainda tão criança no pensar, no viver, no amar, no esperar?
Este ano encontro-me diante da festa de Nossa Senhora do Rosário de Fátima como diante de uma palavra nova. A Virgem Santa Maria desce do Céu para nos lembrar que Deus nos criou para Ele, por Amor. Ela lembra-nos qual a esperança que pode sustentar os nossos passos: na terra caminhar para o Céu. Jesus, Deus com o Pai, que por nós se fez homem, com a Sua morte venceu a morte. Aquele que se fez filho da Virgem Maria, liberta-nos da morte recriando-nos como filhos adoptivos de Deus. Se não ofendermos mais a Nosso Senhor, se não nos fecharmos ao Seu Amor, Ele nos fará viver com Ele no novo Céu e na nova Terra.
É comovente recordar que Nossa Senhora está de pé junto a Seu Filho elevado na Cruz, por nosso amor, Ele a Ela. A partir daquela hora o discípulo amado – o discípulo que ama – recebe-a em sua casa. Sempre expostos ao pecado e à morte, encontramos no Imaculado Coração de Maria o próprio Amor Misericordioso de Seu Filho.
Desvela-se a «antiga novidade»: «Viver será a finalidade da vida? Estarão os passos dos filhos de Deus amarrados à terra miserável? O fim não é viver, mas sim morrer, e não armar a cruz mas sim subir à cruz e dar o que temos com alegria! Ali está a alegria, ali está a liberdade, ali a graça, ali a juventude eterna!» (Paul Claudel)
Padre João Luís Ferreira