O bispo diocesano, em visita a algumas comunidades para acompanhar as resposta pastorais em tempo de crise, pede um regresso às celebrações comunitárias “com responsabilidade, mas sem medo” e apela à construção de uma Igreja mais missionária.
“Eu não vos abandonarei”. Esta é a frase fundamental do discurso de despedida de Jesus aos seus discípulos, no qual se centra o Evangelho deste domingo, e que D. José Ornelas destacou na sua homilia, lembrando que estas são “palavras de Jesus ressuscitado à sua Igreja, aos discípulos de todos os tempos, a nós hoje.”
Segundo o prelado, estas palavras não são palavras de retirada mas “um subir, para abranger, com o seu olhar de misericórdia, todos os seus, em todos os lugares e em todos os tempos. Ele está presente, no meio de nós e envia-nos em missão.”
Jesus nunca está longe, onde quer que nos encontremos. Como costumo dizer, Ele tem um GPS que não falha, que nos encontra sempre e não apenas no sítio geográfico, mas conhece a situação do nosso coração: as nossas crises, as nossas dores, alegrias e projetos. Está sempre lá, no nosso coração, nas nossas comunidades, nas nossas famílias e está sempre lá, vivo, ativo, recriando e dando-nos força para a nossa vida.”
Para D. José Ornelas, Jesus aponta caminhos e explica que estará connosco através do “Espírito do Pai” que o acompanhou em toda a sua vida terrena e que lhe permitiu fazer o bem, curar os doentes, chamar os pecadores, atender a todos os que precisavam e dar a vida, criando vida nova. É pelo Espírito que ele pode entrar na nossa vida, nos libertar e nos permitir a construção da Igreja.
Está connosco em Igreja: junta-nos para construirmos um mundo melhor. Nós recebemos o mesmo Espírito para continuarmos a fazer no mundo aquilo que Ele fez, através do seu Espírito que recebemos no batismo. É esse Espírito que no Pentecostes cria a Igreja.”
Jesus conforta-nos e desafia-nos à missão. D. José Ornelas dá o exemplo de Filipe, discípulo que sai de Jerusalém depois da perseguição que levou assassínio de Estevão e parte em missão para anunciar o Evangelho e cuidar das pessoas.
Nos tempos que vivemos, a Igreja também “descobriu novas formas de fazer missão, de comunicar por novas plataformas, por exemplo nas redes sociais” e deu relevância às gerações mais novas.
Os nossos jovens que pareciam que estavam longe, de repente descobriram que estar em Igreja é bonito. O espírito é dado a todos, dos mais velhos aos mais novos e uma Igreja missionária precisa de toda a gente. Estou convencido que desta pandemia, a Igreja sairá mais compadecida, mais unida, mais consciente.”
Na Eucaristia, presidida à porta fechada e concelebrada pela equipa pastoral das Paróquia de Alhos Vedros e Santo André, D. José congratulou-se com o regresso das celebrações comunitárias e frisou a preparação que as paróquias já estão a desenvolver para acolher a nova realidade: “Já temos saudades. Temos que voltar com responsabilidade mas sem medo”.
O prelado diocesano destacou ainda o intenso trabalho socio-caritativo a ser feito em muitas das comunidades da Diocese. D. José chamou a atenção para as “dificuldades crescentes de inúmeras famílias” pelo que os mecanismos de resposta “precisam de ser reforçados”.
A diocese, a partir das paróquias, vai lançar, simultaneamente com a retoma das celebrações presenciais nas igrejas, uma campanha de presença e partilha para com aqueles que estão a ser mais atingidos pelas consequências económicas da pandemia.”
A terminar, o bispo diocesano pede ao Senhor Ressuscitado, “que conhece as nossas dores mas também as nossas capacidades, porque é Ele que nos las dá e que conhece a nossa força e capacidade para nos organizarmos, de nos unirmos apesar das diferenças, que nos ajude a fazer este tempo de Páscoa.”