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Igreja em Rede: Terça-feira da VII Semana da Páscoa – “Pai, glorifica o teu Filho” (Jo 17, 1-11a)

Igreja em Rede - formato diocese

Liturgia de Terça-feira da VII Semana da Páscoa

Comentário à liturgia de hoje pelo Padre José Lobato, Vigário Geral da Diocese

Na primeira leitura, escutamos hoje um comovente discurso de despedida: Paulo deixa a Ásia Menor e parte para Jerusalém, antevendo grandes tribulações. Estará próxima a sua morte? Os seus amigos e colaboradores não mais o verão neste mundo? Apesar de tudo, Paulo parte com a consciência tranquila de tudo ter feito, tudo ter dado de si pela evangelização. Parte com a mesma certeza com que começou a grande aventura missionária: foi sempre o Espírito Santo que o conduziu, o iluminou, o reconfortou. S. Lucas, nesta narração, deixa-nos na pessoa de Paulo o modelo inspirador da ação missionária da Igreja e de cada cristão.

A concluir o conjunto dos capítulos 14-17 do Evangelho de São João – o discurso do adeus de Jesus, na última ceia – começamos, hoje, a escutar e meditar a chamada «oração sacerdotal» de Jesus.

Nos primeiros versículos, Jesus pede ao Pai que glorifique o seu Filho, para que Este glorifique o Pai. O tema da glorificação é esclarecido por João ao longo do seu evangelho. Ela consiste no momento alto, a “hora” para a qual o Filho foi enviado pelo Pai tomando corpo humano e nele experimentar o sofrimento e a morte de toda a humanidade.

A “glória” é, em primeiro lugar, do Pai que assim mostra quanto ama a humanidade a ponto de nos dar o Seu Filho. A glória é dada pelo Filho ao Pai, porque na obediência filial, torna possível que o plano do Pai se realize. A glória é dada pelo Pai ao Filho, porque, aceitando Este cumprir até ao derramamento do sangue a vontade do Pai, será por Ele ressuscitado “ao terceiro dia”, isto é, antes de “conhecer a corrupção do túmulo” (Sl 16,10) e, uma vez ressuscitado, comunicará essa mesma glória, a vida eterna, a quantos Lhe foram confiados pelo Pai: “todos os que lhe destes”.

Agora, é a nossa vez de entramos nesta dinâmica de glorificação. Glorificar Deus não se reduz a uma contemplação racional ou filosófica de Deus, mas consiste na nossa participação ativa e entusiasmada no plano de Deus, ultrapassando os interesses e prazeres individualistas – mesmo religiosos – em que, porventura, andemos alienados.

Senhor Jesus, que em Ti me fizeste participante da glória que vem do Pai, anima a minha existência com o teu Espírito Santo, na comunidade de amor que é a minha família, a minha paróquia, a minha diocese, toda a tua Igreja. Nestes tempos difíceis, dá-me a graça de participar no teu mistério do sofrimento e da alegria em partilhar com aqueles que se encontram em dura tribulação, para que se manifeste no mundo de hoje a glória da Trindade Santíssima, isto é, a Caridade, sofrida e gloriosa. Ámen!

Padre José Lobato

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26 de Maio de 2020