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Igreja em Rede: Sexta-feira da VII Semana da Páscoa – “Apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21, 15-19)

Igreja em Rede - formato diocese

Liturgia de Sexta-feira da VII Semana da Páscoa

Comentário à liturgia de hoje pelo Padre Rui Gouveia, Reitor do Seminário de Almada e Diretor do Secretariado Diocesano de Catequese

Terminando este tempo litúrgico excecional que é o tempo pascal, somos conduzidos através do Evangelho de São João até a este momento crucial em que Pedro é desafiado a afirmar a grandeza do seu amor por Jesus.

Ao entrar nesta narrativa joanica, emergem no meu espírito três elementos que partilho convosco.

O primeiro tem a ver com o cenário. Estamos no mar de Tiberíades. Quando recuamos no enredo do quarto evangelho, este mesmo é o lugar do milagre da multiplicação dos pães, da caminhada de Jesus sobre as águas e do discurso determinante do Pão da Vida. É quase automático pensar que, para os discípulos, esta terra é lugar de: abundância pelas razões óbvias; remete igualmente para a confiança e o não ter medo nas intempéries; e sugere, também, a decisão no seguimento porque desde este momento “muitos dos seus discípulos voltaram para trás e não andavam com Ele” (Jo 6, 66).

Por três vezes Jesus pergunta descaradamente a Pedro se ele o ama. Que constrangedor! Que responder perante todos os acontecimentos anteriores? Pedro que dizia na Última Ceia que jamais o trairia, logo de seguida, fê-lo sem hesitar. Não foi capaz de se manter fiel ao seu compromisso. Escolheu ser filho da mentira e não da verdade. Ao fazer a mesma pergunta uma terceira vez, Jesus exorta-o agora a superar as negações, à conversão que cura, ainda que isso o entristeça, e a entrar novamente na comunhão do amor de caridade.

Finalmente, Pedro, o primeiro dos discípulos é chamado a apascentar as ovelhas e cordeiros de Jesus. A missão de seguimento que lhe é confiada exige que ninguém do seu rebanho fique de fora. Além do mais, quando lemos o original grego do texto, os dois verbos empregues que traduzimos como “apascentar”, podem identicamente significar alimentar e dirigir. Pedro é desafiado a amar profundamente Jesus e dar a vida por todos sendo, como o seu Salvador, vida e luz.

Jesus, terminando este tempo pascal, ao nos perguntares se te amamos, firmes na tua providência da celebração Eucarística que se torna pública outra vez neste próximo Domingo que é de Pentecostes, cura-nos do medo e da mentira, renova o nosso chamamento dando-nos a graça da reconciliação pelo sacramento da reconciliação e que, seguindo-te no amor de caridade, à tua imagem, possamos ser universalmente alimento e luz para todos aqueles com quem nos cruzemos, conhecidos ou não.

Padre Rui Gouveia

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29 de Maio de 2020