Este fim de semana, celebramos, com especial alegria a festa do Pentecostes. Depois de mais de dois meses de suspensão da celebração da Eucaristia com a presença da comunidade, voltaremos a poder celebrar juntos os sacramentos fundamentais da fé, nas nossas igrejas. Certamente fá-lo-emos com respeito pelas normas adequadas que têm sido divulgadas pela Diocese e pela Conferência Episcopal, segundo as orientações das autoridades de saúde. Pela responsabilidade das nossas atitudes, conseguiremos que as nossas celebrações se façam com paz, alegria e segurança.
É significativo que este recomeço tenha lugar na celebração do Pentecostes, a começar a 30 de Maio, em que se comemora a efusão do Espírito do Senhor ressuscitado sobre os discípulos, que deu origem à Igreja. Também para nós, este domingo não deve significar apenas o retorno ao que sempre foi. Deve ser o acolhimento do Espírito que nos recria como Igreja Unida e Aberta, Solidária, Missionária.
Igreja Unida e Aberta, como o coração misericordioso de Deus, que reúne os seus filhos e filhas onde quer que se encontrem. Nestes meses, tomámos maior consciência da importância das celebrações nas nossas igrejas, até por sentirmos a impossibilidade de as praticar. Mas experimentámos igualmente a vitalidade da Igreja nas nossas famílias e grupos de oração e ação, através das redes de comunicação que nos ligaram. Queremos manter a vitalidade criativa e complementar destes meios, integrando-os melhor na vida e missão das nossas paróquias, de modo que a comunhão das nossas celebrações se traduza em gestos de acolhimento, oração e partilha.
Depois deste tempo sem a participação presencial na Eucaristia, demos especial atenção à celebração da solenidade do Corpo e Sangue do Senhor. Dado que não é possível realizar a habitual procissão diocesana com o Santíssimo Sacramento, em Setúbal, convido todas as paróquias a organizarem, nesse dia, uma jornada de celebração e adoração, de modo que todos possam participar na Eucaristia e passar algum tempo de adoração diante do Santíssimo Sacramento. Faça-se igualmente o possível para oferecer aos fiéis a possibilidade de celebrarem o sacramento da reconciliação. Onde for oportuno, podem fazer-se celebrações com absolvição geral e dar a todos a possibilidade de participar plenamente na Eucaristia, sacramento fundamental da vida da Igreja.
A Eucaristia leva-nos a ser uma Igreja Solidária, disponível para partilhar na própria comunidade os dons recebidos de Deus e para dar especial atenção aos que mais precisam. Neste tempo, em que a pandemia deixou muitíssimas famílias em situação de grande dificuldade, as nossas igrejas devem abrir-se para acolher o Senhor que se partilha no pão da Eucaristia, mas igualmente para acolher os que mais precisam e partilhar com eles o pão do alimento e da vida de todos os dias. Porque na partilha não há distância, apesar do afastamento profilático, insistimos que é necessário tornar-se próximo de quem mais precisa. Esta é a campanha que vai ter início neste fim de semana, a partir das nossas paróquias e com a coordenação diocesana da Cáritas de Setúbal. Que ela possa contar com a participação ativa de todos!
A igreja que nasce do Pentecostes é sempre uma Igreja Missionária, em torno da Palavra de Deus e da Mesa Eucarística. Uma Igreja que tem sempre as portas abertas para acolher e reunir os irmãos, mas igualmente para sair e enviar os seus membros em missão. Apesar das limitações, a pandemia levou-nos a ser mais criativos na partilha e anúncio da Palavra de Deus. É importante que a dimensão missionária cresça com as novas possibilidades de contato e com capacidade de chamar e atrair novos irmãos e irmãs para a casa de Deus. A nossa Igreja é chamada a viver realmente o Pentecostes da missão na comunicação da fé, no testemunho da caridade com quem precisa, no anúncio da esperança imperecível do Evangelho.
Que o Senhor infunda sobre a Igreja o dom do seu Espírito, para que, renovados e guiados por Ele, sejamos testemunhas do seu amor que partilha as nossas crises e torna possível ultrapassar todos os vírus que nos afligem, para sermos agentes ativos na transformação do mundo.
A todos desejo uma Feliz Festa do Pentecostes.
+ José Ornelas Carvalho
Bispo de Setúbal