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Proposta de ato penitencial no Domingo de Pentecostes 2020

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Sugestão do Padre António Sílvio Couto, Pároco da Moita

Decorridos mais de dois meses sem presença comum na celebração da eucaristia, eis-nos re-unidos (não é erro ortográfico nem gralha de escrita): “voltados a unir” para a vivência da Eucaristia dominical, essa – como diziam os primeiros cristãos – que “não podemos viver sem ela”. Mas tantas e tantas vezes temo-la vivido – ou será melhor dizer: temos estado por rotina – de forma displicente e talvez menos atenta e atenciosa. Por isso, queremos fazer um ato penitencial comum de pedir perdão a Deus dos nossos pecados para com Ele, para connosco mesmos e para com os outros.

Servimo-nos dos quatro aspetos que rezamos na confissão na missa: por pensamentos e por palavras; por atos e por omissões.

* Por pensamentos:
– quantas vezes, Senhor, pensei mal de Ti, por ocasião desta pandemia, talvez até possa ter praguejado contra Ti, por nos dares e permitires estas coisas que consideramos más e perigosas;
– quantas vezes, Senhor, não Te vi e Te julguei fora de toda esta confusão, culpando-Te de tantas das coisas desagradáveis com que temos de nos confrontar;
– quantas vezes, Senhor, me poderei ter julgado a mim mesmo, por não conseguir entender os acontecimentos da vida e questionei a minha fé incapaz de perceber com Tu velas por nós, sem disso nos darmos conta;
– quantas vezes, Senhor, julguei os outros e poderei tê-los avaliado sem compaixão;
– quantas vezes, Senhor, poderei ter desejado mal aos outros, culpando-os do que está a acontecer e não vendo, pelo contrário, as minhas culpas.
Porque pecámos, dizemos: Senhor, tem piedade de nós.

* Por palavras
– de quantas formas posso ter dito palavras mais de maldição do que de bênção, escandalizando os outros;
– de quantos modos posso ter tido conversas de maledicência para com Deus, criando mau ambiente à minha volta;
– de quantas formas posso ter dito palavras de revolta contra quem possa ter originado esta pandemia e até desejando mal a todos esses;
– de quantos modos poderei não ter tido paciência, quando fui confrontado com filas de espera ou com momentos de contrariedade;
– de quantas formas poderei ter tido conversas de coisas mais negativas do que positivas, mesmo sobre questões de fé, de Igreja ou quanto ao estado geral dos problemas, gerando mais revolta do que esperança.
Porque pecámos e fizemos pecar os outros, dizemos: Cristo, tem piedade de nós.

* Por atos
– quantas vezes, Senhor, aquilo que fiz coisas que Vos desagradaram, na medida em que não fui cristão na vida, mas antes me envergonhei da minha fé, ofendendo a esperança e prejudicando a caridade;
– quantas vezes, Senhor, poderei ter vivido mais no açambarcamento (de coisas, de comida ou de outros bens) do que na confiança em Deus e na atenção aos outros;
– quantas vezes fui mais materialista nas minhas reações do que crente na Providência divina;
– quantas vezes vivi mais fechado aos que me rodeiam, centrado mais nos meus interesses, do que atento às necessidades dos outros;
– quantas vezes tentei impor-me aos outros, não os respeitando nem lhes dando as oportunidades que têm ou que precisam.
Porque pecámos contra os outros e para contigo, dizemos: Senhor, tem piedade de nós.

* Por omissões
– de quantas formas, Senhor, fui egoísta, desculpando-me para não atender aos outros e aos seus problemas;
– de quantos modos, Senhor, me fechei àquilo que via nas notícias, ficando à espera que outros façam aquilo que eu, na minha modesta condição, deveria fazer como cristão;
– de quantas formas me refugiei nalgum tipo de vingança, sem ver nesta pandemia um convite à conversão;
– de quantos modos permiti que se gerassem em mim sentimentos de má-vontade até para compreender as dores e os sofrimentos das vítimas do ‘covid-19’;
 – por todas as vezes que me envergonhei da minha fé nas coisas do dia-a-dia.
Porque pecámos e Vos ofendemos queremos dizer: Cristo, tem piedade de nós.

Aqui fica uma mera sugestão. Pela minha parte irei tentar propô-la com quem celebrar a Eucaristia nesse dia de reabertura dos nossos espaços de celebração à comunhão presencial dos irmãos. Mais irmanados no pecado poderemos celebrar melhor os santos mistérios!

António Sílvio Couto

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29 de Maio de 2020