Faleceu no passado dia 26 de maio, o Bispo emérito de Benguela, Angola, D. Óscar Braga, com 89 anos.
A nossa Diocese de Setúbal está-lhe muito grata e certa de que Deus o recompensará pelo carinho com que proporcionou e acompanhou o serviço de vários presbíteros de Benguela na nossa Diocese.
Engenheiro agrónomo de formação e profissão, foi chamado e aceitou o desafio do ministério sacerdotal. Estudou no Seminário dos Olivais – colega de curso do nosso Padre Fernando Belo – e, após a ordenação, em 1964, regressou a Angola. Foi chanceler e vigário geral da sua diocese natal, Malange. Em novembro de 1974 foi ordenado Bispo e assumiu o cuidado pastoral da diocese de Benguela.
As circunstâncias históricas tinham despovoado Angola de grande número de missionários. D. Óscar correu a Europa, seminários, congregações, a pedir a colaboração de padres. Fracasso total. Então fez consigo mesmo – e certamente com o Senhor da Messe – um compromisso muito sério e arriscado. O engenheiro não se deixava vencer pelas dificuldades do empreendimento. E comprometeu-se que a sua querida Diocese haveria ter tantos padres que seria ele a oferecer às outras dioceses padres e missionários. Organizou uma pastoral vocacional tão eficaz que dos 300 padres que ordenou ao logo dos 34 anos que esteve à frente da diocese de Benguela enviou em missão muito deles, nomeadamente para a Europa, invertendo, em parte, o sentido da rota tradicional dos missionários.
Aqui entra a Diocese de Setúbal. Para ela vieram, desde 2002, vários padres de Benguela, permanecendo entre nós o Padre Abraão Kasisa, dos primeiros a chegar e hoje pertencendo ao clero de Setúbal, e o Padre Geraldo Kalemesa. D. Óscar visitou-nos, pelo menos, duas vezes.
A ação missionária de D. Óscar oferece muitos outros motivos para o lembrar, mas queremos sublinhar esta atenção e carinho pela nossa diocese, oferecendo-lhe a nossa gratidão e oração.
Padre José Lobato, Vigário Geral da Diocese de Setúbal