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Igreja em Rede: Segunda-feira depois do Pentecostes – “Eis o teu filho…Eis a tua Mãe” (Jo 19, 25-27)

Igreja em Rede - formato diocese

Liturgia de Segunda-feira depois do Pentecostes

Comentário à liturgia de hoje pelo Padre Pedro Cerantola, Pároco ‘In solidum’ da Amora

A Primeira Leitura da celebração deste dia, dos Actos dos Apóstolos, diz-nos que“os discípulos  perseveraram na oração  com Maria, Mãe de Jesus “.Onde? No Cenáculo, onde Jesus celebrou a primeira Eucaristia. 

E o texto diz também que estavam com os Onze “algumas mulheres e os irmãos de Jesus”.

É a primeira comunidade cristã, igreja reunida em oração. Temos ai os nomes dos primeiros Bispos, os Apóstolos, e o nome de Maria, a Mãe. Celebrar então Maria, Mãe da Igreja é celebrar a Mãe de Jesus e de todos os irmãos que constituem o Corpo da Igreja.

No Evangelho escrito por João encontramos o momento solene da proclamação de Maria como Mãe da Igreja. João escreve o que lembra muito bem. Os soldados tinham crucifixo Jesus e andavam a repartir em quatro partes as roupas do condenado. Nota João porém que não quiseram rasgar a túnica, que era uma peça única, sem costuras. Assim a túnica se tornou símbolo da unidade da Igreja que nasceu aos pés da cruz. E a união na comunidade messiânica é proclamada nas pessoas da Mãe e do discípulo, “que Ele amava”.

As palavras de Jesus à Mãe e ao discípulo não são só um gesto de piedade filial, mas, como toda a paixão, é revelação misteriosa a desvendar. ”Mulher e filho”, como nas imagens do Antigo Testamento e nas bodas de Caná, “naquela hora”, Jesus indica a Mãe. Há uma referência bíblica (Génesis 3,15) “haverá inimizade entre ti – Satanás – e a mulher e seu filho, que te esmagará a cabeça”; e em Isaías 60,4 , onde “mulher” personifica Sião, povo de Deus, comunidade messiânica, que reúne seus filhos dispersos.

Jesus não dirá “Maria e João”, mas “Mãe e Filho” que não são nomes, mas uma missão, um símbolo. Temos aqui a função mariológica e eclesiológica bem definidas.

A Igreja é a túnica indivisível de Cristo; a Mãe de Jesus é a Mãe de todos os discípulos, é a Mãe da Igreja.

E o discípulo representa todos os discípulos amados, irmãos na Igreja. É o último ato de Cristo na Cruz, é o acto de fundação da Igreja, família e povo de Deus, na Mãe e no discípulo amado.

A nós agora resta repetir mil vezes, contemplar e celebrar essas Palavras de Jesus ao pé da Cruz. Jesus não nos deixou “órfãos”, mas continua presente connosco no Espírito Santo do Pentecostes e na Mãe, cujas mãos tecem a Igreja, túnica sem costura de Cristo.

Padre Pedro Cerantola

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01 de Junho de 2020