Apesar da alegria de voltar ao convívio nas celebrações, D. José Ornelas mostrou-se preocupado com o aumento das «carências de muitas famílias», e pediu que «abramos as portas para sair», e por isso lançou uma campanha de solidariedade a partir de cada paróquia da sua diocese, para fazer face ao desafio crescente das pessoas em dificuldade». «Vamos respeitar o distanciamento profilático, mas é também necessário tornar-se próximo de quem mais precisa. Que ninguém fique para trás, que ninguém fique esquecido por falta da nossa colaboração e generosidade», disse.
No final da eucaristia, mostrou-se preocupado com o alastramento do vírus na zona do Seixal, onde as pessoas vivem em bairros de lata. «A sociedade de hoje não se pode dar ao luxo de ter miséria, porque essa miséria vai-nos cair em cima!», criticou, avisando que «a miséria não compensa, porque o vírus é democrático e vai atingir a todos, começando, claro, pelos que estão mais fragilizados».
O Bairro da Jamaica, no Seixal, tem sido um dos focos mais ativos da pandemia, em virtude de muitas pessoas viverem em casas sem condições mínimas. D. José Ornelas afirmou que «uma habitação digna é fundamental, não é uma teoria», e que «a pandemia veio-nos mostrar que a sociedade, se não for justa, não pode ser ecológica, solidária ou feliz».
O prelado não compreende como é que o «nosso país» tem «tanta gente a viver em barracas». «É preciso transformar o bairro. Que seja uma lição para construirmos uma sociedade mais justa e solidária. A responsabilidade não é toda do Estado, não se resolve com a estatização das coisas, mas sim pondo toda a gente a lutar pelo mesmo», defendeu.