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Igreja em Rede: Quarta-feira da IX Semana do Tempo Comum – “Não é Deus de mortos, mas de vivos” (Mc 12, 18-27)

Igreja em Rede - formato diocese

Liturgia de Quarta-feira da IX Semana do Tempo Comum

Comentário à liturgia de hoje pelo Padre José Pinheiro

«Deus não nos concedeu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de bom senso»

A Palavra que nos é dada hoje como alimento eficaz para a nossa fé desafia-nos a ser testemunhas (mártires) da ressurreição de Jesus Cristo.

No Evangelho de São Marcos, Jesus cita o episódio bíblico da sarça ardente para provar aos fariseus a existência da vida eterna já revelada nas palavras que Deus dirige a Moisés: «E acerca de os mortos ressuscitarem, não lestes no livro de Moisés, no episódio da sarça, como Deus lhe falou, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob? Não é um Deus de mortos, mas de vivos.».

Mas esta vida eterna não se adquire com palavras bonitas. Só tomamos posse desta vida na medida em que formos capazes de a testemunhar nas situações dolorosas e tantas vezes escondidas nas rotinas do dia-a-dia da nossa existência.

Os santos mártires que hoje celebramos dão-nos um testemunho vivo do que significa ser discípulo de Jesus. Carlos Luanga e os seus vinte e um companheiros, ugandeses, foram martirizados entre 1885 e 1886, por ordem do rei Mwanga. Tendo abraçado a fé, graças à pregação dos padres missionários, opuseram-se ao rei, esclavagista e perverso. Uns foram decapitados e outros queimados vivos.

E no século XXI? Basta escutar as notícias para constatar como é atual esta necessidade de proclamar o Evangelho de Jesus. De afirmar, com a nossa vida, o respeito pela dignidade de cada ser humano tantas vezes empurrada para segundo plano por razões políticas, económicas, ideológicas ou mesmo religiosas e que perpetuam a condenação de milhões de crianças, mulheres e homens, ricos e pobres, a novas formas (mais disfarçadas) de escravatura.

E eu que sou batizado e até crismado, que recebi os dons do Espírito Santo. Como é que Jesus me chama hoje a testemunhar a vida eterna? Até onde estou disposto a ir? Serei capaz de dar tudo o que tenho? Serei capaz de ir até ao ponto de sacrificar esta vida que conheço?

Os dons do Espírito Santo libertam-me para agir, para testemunhar sem medo a minha fé no Deus vivo. Na primeira leitura Paulo exorta a Timóteo, e a cada um de nós, a acolher esta vida: «Recomendo-te que reacendas o dom de Deus que se encontra em ti, pela imposição das minhas mãos, pois Deus não nos concedeu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de bom senso».

Concedei-me Senhor os dons do Espírito Santo, para que Ele me transforme interiormente e crie em mim um coração novo, agradável a vossos olhos e dócil à vossa vontade.

Padre José Pinheiro

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03 de Junho de 2020