As mais de 80 creches e infantários da Diocese de Setúbal estão a abrir portas para acolher as crianças ao fim de dois meses e meio de confinamento. Desafios e receios no regresso a uma realidade adaptada à pandemia.
As respostas sociais dos Centros Sociais e Paroquiais da Diocese estão, aos poucos, a reabrir, adaptando o seu funcionamento e equipamentos a uma nova realidade, pretendendo evitar ao máximo qualquer contágio ou colocar crianças e funcionários em risco.
É o caso do Centro Social Paroquial de S. José, em Setúbal. O Padre Luís Belo, presidente da direção, conta que aos poucos o centro está a retomar a sua atividade no Monte Belo (Jardim de Infância “A Abelinha”) e em Pontes (Centro Infantil “A Cotovia”).
“Não fizemos obras nem adaptações de maior mas tivemos que fazer adaptações de acordo com as normas vigentes” refere o responsável salientando que as equipas das respostas sociais “tiveram a limpar e a higienizar todos os espaços e objetos”.
Foi criado, como prevê a lei, um Plano de Contingência, que obriga educadores e funcionários a utilizar máscaras em todos os espaços e a uma higienização constante. Para as crianças, o uso de máscara não é obrigatório, mas têm que se despedir dos seus pais no portão do infantário, visto que a sua entrada não está autorizada.
O grande desafio está, na opinião do Padre Luís Belo, em combater a desconfiança e o medo: “Tudo vai depender das crianças que vierem e nós já temos conhecimento da desistência de algumas crianças, cujos pais já pediram a rescisão da inscrição”.
“Algumas educadoras contactaram com os pais para perceber como estavam mas não temos noção concreta como será a afluência nas próximas semanas”, acrescentou o sacerdote.
“Brincar” com o confinamento para facilitar a adaptação
No Centro Paroquial de Bem Estar Social de Fernão Ferro, que para além de infantário, tem creche, berçário e outras respostas de ação social, as mudanças começaram há mais tempo com a reabertura das creches a 18 de maio (os infantários apenas abriram a 1 de junho).
Entre as mudanças mais significativas, estão a redução do horário de funcionamento dos equipamentos, decisão bem aceite pelos pais. A entrega das crianças é feita por um dos progenitores na porta principal, sempre de máscara e mãos desinfetadas. O contacto com os pais é feito sobretudo por telefone e e-mail.
Os grupos de crianças e colaboradores têm espaços fixos de modo a evitar contacto entre salas, pelo que os horários de refeição também são desencontrados. Os colaboradores cumprem normas rígidas de segurança: a utilização de máscara é obrigatória, a desinfeção e higienização é constante, inclusivamente dos pertences das crianças.
A adaptação há nova realidade foi mais fácil no Centro, pelo facto de se ter mantido um contacto direto regular com os pais durante o período de confinamento. Nos contactos diários com as famílias, as educadoras foram sugerindo estratégias pedagógicas para os pais explicarem às crianças os novos comportamentos a adotar, nomeadamente na utilização da máscara, com brincadeiras e jogos, de modo a facilitar a adaptação a esta nova normalidade.
JM
Foto: Centro Paroquial de Bem Estar Social de Fernão Ferro