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Igreja em Rede: Sábado da IX Semana do Tempo Comum – “Como podem dizer que o Messias é filho de David?” (Mc 12, 35-37)

Igreja em Rede - formato diocese

Liturgia de Sábado da IX Semana do Tempo Comum

Comentário à liturgia de hoje pelo Padre Daniel Jorge Sachipangue, Pároco de Pegões-Cruzamento, Pegões Velhos e Canha

Estimados irmãos na fé e no Batismo! O exemplo desta pobre viúva é um desafio para todos nós. Ela vem contrapor a Teologia de então, bem patente nas figuras dos doutores da Lei e dos fariseus. Estes estavam tão acomodados à sua sabedoria teológica e à sua vida de piedade que se julgavam acima do comum dos mortais. Olhavam com superioridade para os outros e faziam questão de ocupar os lugares de destaque quer socialmente quer na comunidade religiosa. Em contra prática, a conduta da viúva mostra bem claro a nós, que seguimos a Jesus, a atitude que devemos ter com Deus e os irmãos: o gesto desta mulher pobre convida-nos à generosidade, um dom de Deus, em relação aos nossos irmãos, como diz a escritura: “Deus amou tanto o mundo que lhe deu tudo que de melhor possuía para si: o seu Filho muito amado”. Portanto, a viúva deita no tesouro tudo o que possuía: ela é a imagem de Deus, de Jesus Cristo, que de “rico que era se fez pobre”.

Lamentamos o facto de frequentemente a imagem de Deus ser uma imagem destorcida da realidade: um Deus patrão, exigente, rigoroso que impõe aos homens taxas pesadas; um Deus que exige que Se lhe entreguem tudo o que têm, porque tudo é d’Ele, tudo Lhe pertence. Tudo pelo contrário! No Calvário, Deus mostrou-Se como É! Ele não exige nada de ninguém; Ele oferece tudo o que tem; Ele não pretende que os homens se prostrem diante Si, porque ele não perde a sua essência, mas que os homens se ajoelhem diante dos irmãos para lhes lavar os pés; não quer que Lhe dêem a vida, porque fomos criados com a possibilidade de o rejeitarmos na nossa vida, mas sim que, com Jesus, a demos aos irmãos! Essa é a surpreendente natureza de Deus (despojado de Si mesmo)! A viúva é claramente ícone de Deus – Cristo, porque se despoja de tudo o que tem como dom gratuito aos irmãos.

Como vemos, este texto não só é aplicável à vida corrente e material, mas também à espiritual e mística. Uma pergunta: dou-me totalmente a Ele ou só o que sobra de mim? Aqui reside a diferença entre os fariseus e a viúva. Eles deram o que lhes sobrava, ela deu tudo o que era, a sua pessoa. Devíamos entregar-nos sem reservas ao amor misericordioso que brota do lado aberto de Jesus nos irmãos. Os discípulos de Jesus devem seguir a lógica contrária. A universalidade do amor de Deus tem de ser a nossa forma de agir.

Com a “Igreja em Rede” as nossas relações humanas são mais transparentes e mais fraternas. Nunca estivemos tão próximos da Diocese como hoje. Simultaneamente verificamos que só o virtual não chega. Precisamos do encontro, da comunhão.

Que Deus nos abençoe.

Padre Daniel Jorge Sachipangue

 

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06 de Junho de 2020