Liturgia de Sexta-feira da X Semana do Tempo Comum
Comentário à liturgia de hoje pelo Padre José Maria Furtado, Pároco de Nossa Senhora da Conceição, no Montijo.
Em vésperas da celebração da festa de Santo António, muito caro à Igreja, ao Povo Português e Italiano e além-fronteiras, somos interpelados pela Palavra de Deus, a mesma que enriqueceu e contagiou a vida dos Santos: “os amigos de Deus”, capazes de trilhar caminhos e mesmo de os abrir, pela força e acção do Espírito Santo.
A vida da Igreja tem muitos e nobres exemplos de uma confiança forte e determinada que faz crescer, é crescimento, ‘o tal grão de mostarda’, quem o encontra e o assume, encontra a vida e é capaz de a viver em plenitude. Um ‘tesouro transportado em vasos de barro’ (2 Cor 4, 7-15) é o nosso ministério, assim levado. Lutas que São Paulo travou com toda a força e determinação, dando a vida pelas comunidades, organizando-as, sofrendo por elas: “contanto que o Evangelho seja conhecido…”
Agora aí estamos nós, no tempo que nos pertence, nos é dado, para ‘sofrer pela causa do Evangelho’, para que tenhamos a participação na bem-aventurança eterna. Somos preciosos para Deus que em nós confia, a certeza no Seu Amor enche o mundo de esperança – é como a chegada esplendorosa da Primavera. Claro que, para sentir e sonhar ser possível, contamos com todos, muito em particular, com os Jovens numa Igreja jovem, pois, o Espírito Santo que verdadeiramente opera no nosso agir, assim a quer e a toma.
No Evangelho de São Mateus (5, 27-32), Jesus ensina e adverte os discípulos, fazendo apelo ao espírito que concretiza e realiza a comunhão, para que, os conduza e a todos aqueles que ouvindo a sua pregação, acreditem:
“Ouvistes o que foi dito aos antigos”; “Eu porém digo-vos”.
Nestas duas matizes, o surgir de uma revolução trazida por Jesus, no dizer do Papa, ‘a revolução da ternura’. É um mundo novo que acontece, muito longe dos nossos projetos e pensamentos humanos que, aliás, o Senhor sabe, serem vãos: “eis que vou renovar todas as coisas”. No entanto, é preciso ter em conta a palavra de Jesus: “Não vim revogar, mas completar a Lei”.
O mundo novo é o que acontece e se estrutura no coração: Lugar onde, aí chegados, ‘nos encontramos nus’, conhecidos como Deus nos conhece. Lugar dos sentimentos, das emoções, da sabedoria, do saber ver e tocar de outro modo, impulso para a glória, lugar donde o decisivo acontece e transforma as vidas: “Acredita para seres salvo… com o coração se acredita”.
Jesus ‘cria’ e faz acontecer uma aliança com o Povo, expresso também na aliança matrimonial, na união daqueles que se encontram no Amor, aprendido d’Ele e com Ele. Por este ‘pacto’ Jesus arde em zelo, desejando que se cumpra o que foi estabelecido pelo Pai: “Eis que venho ó Pai para fazer a vossa vontade”.
A relação dos esposos que vivem em aliança matrimonial, tem em Jesus a Fonte e o Fundamento. “Assim como Cristo amou a Sua Igreja e se entregou por ela, assim o marido deve amar a sua mulher”. Um matrimónio santo é santificado por Jesus, livre dos contágios do mundo, capaz de abrir à perspetiva do Reino. Assim se forma e se consolida a família Cristã. Um amor forte, belo e casto exige e reclama a fidelidade, para a viver, é importante e imperioso rezar e pedir ao Espírito Santo que venha em auxílio das nossas fraquezas: e são muitas!
Padre José Maria Furtado