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Igreja em Rede: a igreja que viveu (e continua a viver) na distância física, porém na proximidade do Espírito

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Nos últimos três meses, a Igreja de Setúbal reinventou-se. As formas de estar, de viver, de partilhar, de rezar e de celebrar transformaram-se em virtude do contexto de pandemia que estamos a viver.

As comunidades perceberam, em espírito de colaboração e respeito pelas normas públicas que se foram sucedendo, que a sua dinâmica habitual tinha de ser alterada, na maioria dos casos suspensa. Foram percebendo que o contacto físico estava desaconselhado e que, de um momento para o outro, estavam privadas do que é mais elementar e tido como garantido na vida de um cristão: a participação na Eucaristia.

A 14 de março, as Paróquias já não abriram portas para a celebração eucarística. Catequese, grupos de oração, movimentos e demais estruturas eclesiais suspenderam as suas atividades presenciais. A impossibilidade do encontro físico obrigou todos, presbíteros e leigos, a pensar novas formas de caminhar em comunidade e viver a fé à distância.

Oportunidades de caminho em comunidade através das redes sociais

Surgiu a “Igreja em Rede”, itinerário de oração, formação e celebração em ambiente digital promovido pela Diocese de Setúbal, assente nos muitos contributos que a Igreja diocesana, através das paróquias, dos secretariados, dos movimentos, dos departamentos, das comissões diocesanas, das comunidades de Vida Consagrada, dos mais variados grupos eclesiais, foram enviando e partilhando com os irmãos.

Durante 79 dias, a Diocese rezou o terço. Pediu a intercessão de Nossa Senhora pelas nossas comunidades e pelo fim da pandemia, nas recitações diárias em vídeo. O clero diocesano contribuiu com a reflexão da liturgia diária, de modo a aproximar as comunidades, impedidas de celebrar, da Palavra de Deus.

Paróquia de Sesimbra, em oração do terço.

Muitas paróquias multiplicaram-se em iniciativas digitais de celebração, oração e encontro à distância, recorrendo às redes sociais e às plataformas de videoconferência. Na Diocese, apostou-se na partilha da transmissão diária da Eucaristia para que, embora à distância, houvesse comunhão.

O período de confinamento coincidiu com a Quaresma e a Páscoa, tempos litúrgicos fortes da Igreja. Com a colaboração dos jovens da Diocese, rezámos, em vídeo, a Via Sacra, e depois a Via Lucis. Durante o tempo pascal, os jovens dos Conselhos Vicariais da Juventude ainda partilharam o seu anúncio da Ressurreição em vídeos publicados semanalmente.

 

Iniciativas para a Igreja Doméstica

Na Semana Santa, as famílias foram desafiadas a construir uma Cruz em Rede”, com propostas diárias desenvolvidas por casais da equipa diocesana da Pastoral Familiar e com recurso ao guião “Para viver o Tríduo Pascal em família – Celebrar e Rezar em tempo de pandemia”, proposto pelo Secretariado Nacional de Liturgia.

A pensar nas famílias com crianças em casa, a Pastoral Familiar, com o trabalho técnico de três psicólogas, criou a iniciativa “Plantar em Família”, que procurava dar algumas orientações para o cuidado psicológico na vida das famílias em contexto de quarentena.

No tempo pascal, algumas estruturas pastorais da Diocese, foram convidadas a apresentar as suas “Sugestões da Semana”. Aos sábados, era sugerido um livro, um filme, uma música, um recurso digital, uma atividade e um desafio para viver com fé os dias de isolamento.

Numa Diocese com forte devoção mariana, muitas foram as paróquias e famílias que se mobilizaram, à distância, para marcar o tradicional 13 de maio, este ano vivido de forma atípica pela impossibilidade de aglomeração de pessoas e por estar interdito o acesso ao Santuário de Fátima. A iniciativa “Fátima da minha janela” congregou as partilhas digitais do modo como as paróquias e famílias viveram este dia.

No final deste tempo de confinamento, a Igreja foi dando sinais de vida, luz e esperança, através da dinâmica “A Igreja somos Nós!”, em que foi partilhando fotografias das comunidades em ação, nas suas atividades caritativas, nos encontros formativos online, na adaptação dos espaços à nova realidade.

Para lá dos ecrãs e das redes, a comunidade cristã não desistiu de ser comunidade nem se resignou perante as dificuldades. Nos dias desafiantes que continuamos a viver, a Igreja não está parada e reinventa-se a cada passo, na fidelidade à sua missão de anunciar e levar ao mundo a salvação de Jesus Cristo, morto e ressuscitado.

JM

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18 de Junho de 2020