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Liturgia Diária: Terça-feira da XIII Semana do Tempo Comum – “Porque temeis, homens de pouca fé?” (Mt 8, 23-27)

Igreja em Rede - formato diocese

Liturgia de Terça-feira da XIII Semana do Tempo Comum

Comentário à liturgia de hoje do portal Dehonianos

As perguntas, que se repetem, no livro de Amós, levam idealmente da sabedoria à profecia, da observação atenta da realidade natural à emersão de uma palavra e de uma acção que lhe manifestam o sentido e a verdade. No fim, a profecia torna-se uma necessidade incontornável: «O Senhor Deus fala: quem não profetizará?» (v. 8).

Amós lembra aos israelitas a situação especial de que gozam diante de Deus: «De todas as nações da terra, só a vós conheci» (v. 2). Mas o profeta também tira consequências dessa situação: «Por isso vos castigarei, por todas as vossas iniquidades» (v. 2). Ser povo de Deus é um privilégio que há-de estimular a correspondência adequada ao dom. Não pode ser pretexto para a injustiça, para fazer o que apetece, julgando-se impunes. Jesus dirá algo que nos ajuda a compreender esta palavra de Amós: «a quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito será pedido» (Lc 12, 48).

Isto pode parecer-nos contraditório. Um privilégio torna-se desvantagem? Deus, em vez de indulgente e compreensivo com o seu povo, pode mostrar-se intransigente? Na verdade, Deus apresentou-se, desde o princípio, como «um Deus zeloso» (Ex 20, 5; Dt 4, 24; 5, 9), que não admite infidelidades ao povo, que recebeu como esposa, e que pune severamente a «culpa» (Ex 20, 5; Dt 5, 9). Mesmo quando perdoa, não deixa de punir (Ex 34, 7). Mas não há contradição entre severidade e amor. A severidade mostra a autenticidade e a profundidade do amor. Deus faz o seu povo descontar as próprias infidelidades, porque o ama, porque o quer libertar do mal, porque o quer purificar. A severidade divina é provocada pelo amor e em vista do amor.

Deus purifica o seu povo para tornar possível uma comunhão mais estreita com ele: «Tu, Senhor, pouco a pouco corriges os que caem, os admoestas e lhes recordas o seu pecado, para que se afastem do mal e creiam em ti, Senhor» (Sab 12, 2). Toda a provação há-de ser acolhida como ocasião para regressar a Deus. Em toda a pena, merecida ou não, em todo o sofrimento, em toda a provação, somos tentados a revoltar-nos, a endurecer o coração, a afastar-nos de Deus. Mas, do sofrimento e da provação, podem surgir graças preciosas. O Senhor convida-nos a aprofundar a nossa relação com Ele.

Foi o que sucedeu com os Apóstolos, quando Jesus, em plena tempestade, dormia no barco. Deram-se conta da sua fragilidade e gritaram pelo Mestre para que os ajudasse. Jesus acalmou a tempestade falando imperiosamente aos ventos e ao mar. Perante tal facto, os discípulos interrogaram-se sobre a verdadeira identidade de Jesus: «Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?» (v. 27). E aprofundaram a sua fé e a sua relação com o Senhor.

O tempo do sofrimento, tanto o das provações morais e espirituais, como o da doença e da velhice, há-de ser vivido como tempo de purificação, como tempo preparatório de mais íntima união com o Senhor, como tempo de «eminente e misteriosa comunhão» na oblação de sofrimento e de amor de Cristo. Pensemos na Agonia, na Paixão e na Morte. E, então, além de purificação, as nossas provações e sofrimentos, serão tempo de disponibilidade pura, de pura oblação.

Dehonianos – Liturgia Semanal

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30 de Junho de 2020