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Liturgia Diária: Quarta-feira da XIII Semana do Tempo Comum – “Vieste aqui atormentar os demónios antes do tempo” (Mt 8, 28-34)

Igreja em Rede - formato diocese

Liturgia de Quarta-feira da XIII Semana do Tempo Comum

Comentário à liturgia de hoje pelo Padre Miguel Alves, Pároco de Corroios e Vale de Milhaços

«Afastai de Mim o barulho dos vossos cânticos, que Eu não quero ouvir o som das vossas harpas. Mas fazei que o direito corra como as águas e a justiça como rio inesgotável.» Este é o primeiro desafio: ocupar-me mais, muito mais, com a caridade verdadeira do que com a espectacularidade das nossas cerimónias. Eu corro diariamente esse risco, de olhar mais à limpeza dos panos que tocam o Corpo de Cristo, do que olhar mais à dignidade do Cristo envolto em panos, muitas vezes andrajoso…

«Como falas tanto na minha lei e trazes na boca a minha aliança, tu que detestas os meus ensinamentos e desprezas as minhas palavras.» Este é o segundo desafio: se escuto, leio e proclamo a Palavra de Deus, devo deixar que Ela entranhe e se faça carne em mim. Posso saber muitas rezas e passagens sagradas, posso saber de cor todos os Mandamentos e preceitos, mas isso deve ser caminho para que a Palavra molde os meus olhares, palavras e sentimentos.

«A cidade inteira saiu ao encontro de Jesus. E logo que o viram, pediram-lhe que fosse embora da região.» Este é o terceiro desafio: deixar que Jesus reorganize a nossa vida. Impressiona-me sempre mais que uma cidade inteira peça a Jesus que saia porque lhes “dá prejuízo” do que O acolha porque liberta os que estão possessos… Incrível… Às vezes até posso achar piada a este Jesus que manda no vento e no mar e liberta endemoninhados. Ter Jesus na barca quando há tempestade dá jeito. Ter Jesus a acalmar os violentos, dá muito jeito. Agora, que esse Jesus cause transtorno no meu ganha-pão, mesmo que seja impuro, não! Isso não!

Ao longo do oitavo capítulo do Evangelho de São Mateus vemos Jesus a tocar e a curar. Desce do Monte das Bem-Aventuranças até Cafarnaum, e depois atravessa o Mar da Galileia. Está a manifestar a presença de Deus no meio do Seu Povo: cura o leproso, o servo do centurião romano, a sogra de Pedro, todos os que estavam doentes espiritual e fisicamente. Mas ao atravessar para o outro lado do lago, damos conta que a reacção é diferente: não O acolhem porque a libertação que traz, precipitou uma vara de porcos pelo precipício abaixo… Em que lado do lago estou: na margem que o acolhe? Ou na margem que o repele?

Deus nos dê a Graça de acolher Jesus, com a sua Verdade e Caridade, com a sua feliz Pobreza, com a sua Liberdade.

Padre Miguel Alves

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01 de Julho de 2020