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Liturgia de Sexta-feira da XV Semana do Tempo Comum – “Eu quero misericórdia e não sacrifício.” (Mt 12, 1-8)

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Liturgia de Sexta-feira da XV Semana do Tempo Comum

Comentário à liturgia de hoje pelo Padre José Carlos Eugénio, Capelão do Santuário do Cristo Rei

As leituras da liturgia da palavra da missa são como sinais de Deus que nos indicam o caminho a seguir e as de hoje apontam no sentido da misericórdia de Deus.

Na primeira leitura, o rei Ezequias, sob o castigo divino, manifestado na doença que o aflige mortalmente, não perde a confiança em Deus e dirige-Lhe uma oração de súplica, apelando à Sua misericórdia. Ezequias começa por apresentar a Deus a retidão da sua vida, uma vida cheia de boas obras. E é atendido. Deus escuta Ezequias, e acrescenta quinze anos à sua vida. Porém, a misericórdia divina alcança não só o próprio rei Ezequias, mas também o seu povo, Jerusalém, libertando-o do jugo do rei da Assíria. Através desta surpreendente maneira de proceder, vemos que, já no Antigo Testamento, Deus revela-se como um Deus que não quer a morte do pecador, mas que este se converta e viva.

No evangelho, as palavras e gestos de Jesus revelam-nos algo semelhante: continuam a apontar no sentido da misericórdia de Deus e continuam a ser, para os homens, sinais de misericórdia. A questão coloca-se agora a nível da observância do descanso sabático.

O repouso sabático, era, inicialmente, uma lei humanitária, que tinha como finalidade proporcionar o descanso a quem trabalhava, imitando assim o obrar de Deus na criação, que depois de seis dias de trabalho, no sétimo dia descansou da sua obra. Posteriormente, o sábado ganhou na cultura religiosa e social do povo de Israel um outro sentido, isto é, passou a ser um dia de festa para todos, no qual se recordava e se celebrava a libertação da escravidão do Egipto, e, ao mesmo tempo, era vivido como antecipação do repouso escatológico, quando os filhos de Deus participarão definitivamente no repouso de Deus.

Assim sendo, podemos dizer que, num determinado tempo, o sábado foi celebrado e vivido como a festa semanal da misericórdia divina.

Infelizmente, esta dimensão festiva foi-se diluindo, gradualmente, numa rígida observância legalista, que conduziu o povo de Deus a outro tipo de escravidão e morte. Com o episódio evangélico das espigas arrancadas num dia de sábado, Jesus volta a colocar tudo no seu devido lugar: o homem como senhor do sábado e o sábado como lugar privilegiado para o encontro festivo com a misericórdia de Deus ou com o Deus-Misericórdia.

Padre José Carlos Eugénio

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17 de Julho de 2020