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Liturgia de Segunda-feira da XVII Semana do Tempo Comum – “O reino dos Céus pode comparar-se ao grão de mostarda.” (Mt 13, 31-35)

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Liturgia de Segunda-feira da XVII Semana do Tempo Comum

Comentário à liturgia de hoje pelo Portal Dehonianos

A faixa que Jeremias comprou e cingiu por ordem de Deus, era um adereço vistoso e de luxo, que caracterizava o seu portador. Na parábola em acção, realizada pelo profeta, simbolizava o orgulho e a soberba de Judá, as suas muralhas, o seu Templo, o seu culto e as suas riquezas. Judá e Israel eram o povo que Deus escolhera para Si, e dotara de muitos bens, para que vivesse em profunda intimidade com Ele, e aderisse à sua vontade, tal como a faixa adere ao corpo do seu portador, partilhando da sua intimidade. Também nós, os baptizados, fomos unidos a Cristo, chamados a partilhar a sua intimidade, a participar da sua natureza divina (cf. 2 Pe, 1-4). Mas, tal como Judá e Israel se tornaram faixa podre, que para nada servia, por causa da sua infidelidade, da sua idolatria e sincretismo religioso, assim também nós podemos perder a intimidade, a comunhão com o Senhor, se desrespeitarmos os compromissos baptismais, ou outros que tenhamos assumido no desenvolvimento da nossa vida cristã, ou por não acolhermos a sua Palavra.

Jesus dá-nos exemplo de uma vida em completa adesão e união ao Pai e à sua Palavra, a ponto de poder dizer: «Eu e o Pai somos Um» (Jo 10, 30), «a palavra que ouvis não é minha, mas é do Pai, que me enviou» (Jo 14, 24); «O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e consumar a sua obra» (Jo 4, 34). A adesão de Jesus ao Pai levava-O a estar atento à sua vontade, a vê-lo, e a ver a sua acção, em tudo, também nas coisas e nos acontecimentos mais simples. As parábolas que escutamos são disso testemunho: «o Reino do Céu é semelhante a um grão de mostarda» (v. 31).

Aquela pequeníssima semente é ocasião de contemplação para Jesus, que vê, no seu surpreendente desenvolvimento, uma imagem da acção do Pai, que torna eficaz o anúncio do Reino. Também a mulher, que esforçadamente amassa a farinha para fazer o pão, leva Jesus a contemplar o enorme trabalho do anúncio do Reino, e na acção do fermento, a eficácia que o Pai dá a esse anúncio, para a transformação do mundo.

O Filho está em profunda relação com o Pai, e tudo refere a Ele. Mas também quer que aprendamos d´Ele essa mesma contemplação simples, que nos leva a passar das criaturas ao Criador, da Criação à Revelação, porque aquela deve servir esta. Santo Antão dizia: «O meu livro é a natureza das coisas criadas; esse livro está à minha disposição sempre que quero ler as palavras de Deus». Como estamos longe nós, homens pós-modernos, da admiração e do espanto com os antigos olhavam para a terra e para o céu, descobrindo neles os sinais da inteligência, da grandeza, do poder de Deus! Se reaprendermos a observar todas as coisas com um olhar contemplativo, aprenderemos a agir como Jesus, em perene união com Deus, presente no coração da realidade.

O cristão contempla em todas as coisas a presença activa do amor de Deus, e o movimento de amor redentor provocado no mundo pela Encarnação de Cristo, para redenção de todos os homens. Uma tal contemplação leva-nos a inserir-nos «nesse movimento de amor redentor, doando-nos aos irmãos, com e como Cristo» (Cst 21).

Portal Dehonianos

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27 de Julho de 2020