“Eis-me aqui, envia-me” (Is 6, 8), é o tema escolhido pelo Papa Francisco para viver o Dia Mundial das Missões, que este ano se assinala a 18 de outubro de 2020.
A Igreja Católica em Portugal vai colocar os desafios gerados na pandemia no centro da celebração do outubro missionário, seguindo as orientações do Papa Francisco para esta iniciativa anual.
O Guião Missionário 2020/2021 recentemente divulgado apresenta um conjunto de sugestões de oração, celebração e reflexão assentes na economia e ecologia, a partir do pensamento do Papa Francisco, dando um olhar de esperança e responsabilidade perante os flagelos provocados pela pandemia.
“Olhando o mundo, os países e povos aflitos, pode-se sonhar com um terreno mais apto à fraternidade universal: todos irmanados nos mesmos limites e fragilidades, esperamos que sejam também importantes e indispensáveis”, escreve D. Armando Esteves Domingues, presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização, na introdução ao guião que orienta esta iniciativa.
“Onde o Evangelho já se faz cultura, sonha-se com respostas globais: na educação – o Papa fala de um pacto educativo global -, na saúde – em que uma vacina e a sua distribuição dê prioridade aos mais frágeis -, na “casa comum”, na globalização da fraternidade”, acrescenta.
O bispo auxiliar do Porto recorda o “silêncio incómodo e doloroso” do confinamento, por causa da pandemia, e fala na necessidade de uma Igreja capaz de “sair até às periferias” e de abandonar o cómodo critério do “sempre se fez assim”, que deixe de lado a “ilusão das facilidades e das fantasias enganosas de sucesso”.
O presidente dos Institutos Missionários Ad Gentes (IMAG), padre Adelino Ascenso, assina uma mensagem neste documento em que apela ao diálogo “existencial” e “experiencial”, nos contactos com pessoas de diferentes religiões, promovendo “uma práxis comum em vista à construção de um mundo mais justo, mais pacífico e mais humano”.
Do medo à renovação: Papa apela a uma Igreja capaz de transformar corações
Na mensagem para este dia, publicada na Solenidade de Pentecostes a 31 de maio, o Santo Padre comparou o momento que estamos a viver à tempestade, “inesperada e furibunda” que os discípulos de Jesus enfrentaram no mar.
“Tal como os discípulos, […] estamos verdadeiramente assustados, desorientados e temerosos. O sofrimento e a morte fazem nos experimentar a nossa fragilidade humana; mas, ao mesmo tempo, todos nos reconhecemos participantes dum forte desejo de vida e de libertação do mal. Neste contexto, a chamada à missão, o convite a sair de si mesmo por amor de Deus e do próximo aparece como oportunidade de partilha, serviço, intercessão. A missão que Deus confia a cada um faz passar do «eu» medroso e fechado ao «eu» resoluto e renovado pelo dom de si.”
O Papa realça que a missão “não é um programa” mas é “Cristo que faz sair a Igreja de si mesma” movida pelo Espírito nos impele e conduz.
“A Igreja, sacramento universal do amor de Deus pelo mundo, prolonga na história a missão de Jesus e envia-nos por toda a parte para que, através do nosso testemunho da fé e do anúncio do Evangelho, Deus continue a manifestar o seu amor e possa tocar e transformar corações, mentes, corpos, sociedades e culturas em todo o tempo e lugar” acrescenta.
O Papa salienta ainda que a missão da Igreja neste tempo passa por compreender o que Deus nos interpela a fazer: “Desafia-nos a doença, a tribulação, o medo, o isolamento. Interpela-nos a pobreza de quem morre sozinho, de quem está abandonado a si mesmo, de quem perde o emprego e o salário, de quem não tem abrigo e comida. Obrigados à distância física e a permanecer em casa, somos convidados a redescobrir que precisamos das relações sociais e também da relação comunitária com Deus.”
Por fim, o Papa convida-nos à oração, “na qual Deus toca e move o nosso coração, abre-nos às carências de amor, dignidade e liberdade dos nossos irmãos, bem como ao cuidado por toda a criação”.
Criado em 1926 pelo Papa Pio XI, o Dia Mundial das Missões comemora-se no terceiro domingo de outubro (em 2020, a 18 de outubro). Com este dia de oração e de evangelização dos povos deseja-se incentivar a cooperação missionária pelo mundo e agradecer o contributo dos missionários na construção de um mundo melhor.
Os donativos recolhidos nas Missas desse domingo destinam-se a apoiar o trabalho das Obras Missionárias Pontifícias.
JM (com Agência Ecclesia)