Esta quinta e sexta-feira, jornalistas e responsáveis de comunicação das várias realidades e instituições da Igreja em Portugal reuniram-se num encontro de formação e debate, este ano realizado num formato inédito, através das plataformas digitais.
O Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS) promoveu as Jornadas Nacionais de Comunicação Social, este ano subordinadas ao tema “Mais do que ligados”, promovendo a discussão e reflexão sobre a comunicação em tempo de pandemia e as vicissitudes do digital na sociedade e na Igreja.
“Este momento pede-nos um novo pacto de comunicação”, referiu o cardeal D. José Tolentino Mendonça, bibliotecário e arquivista da Santa Sé, na conferência inaugural das Jornadas Nacionais de Comunicação Socia.
A intervenção teve como tema ‘Palavras e presenças: desafios de uma pandemia à comunicação’, seguindo-se um debate com os mais de 100 participantes, entre os quais elementos do Gabinete da Comunicação da Diocese de Setúbal e do Departamento da Juventude.
Segundo o cardeal português, os últimos meses mostraram maior interesse numa reflexão sobre o sentido da vida e não só sobre “os consumos dos imediatos”, sublinhando as “transformações colocadas pela chegada do futuro”.
Esse interesse, acrescentou, traz a exigência de um tipo de comunicação “que toque dimensões que habitualmente não estão presentes”, fugindo “do imediato, da agenda, do momento”, com necessidade de “parábolas, de interpretar, de ir mais fundo”.
Perante este novo futuro, há “desafios concretos” para os quais a Comunicação Social é chamada a “ajudar a pensar, criando espaços de reflexão”.
Informação, assessoria, imprensa regional, conteúdos digitais, eventos online e geração Z foram os temas discutidos em grupos de trabalho na tarde do primeiro dia e na manhã do segundo.
Dos primeiros debates, ressaiu-se a importância de a informação “contar histórias de pessoas”, “falar sobre o bem que acontece” com “autenticidade” e “frequência”. O debate também salientou a crescente mobilização do público no digital.
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No segundo dia de Jornadas, o tema das transmissões online das Eucaristias dominou o debate, concluindo, nas palavras do Padre Tiago Freitas, da Arquidiocese de Braga, que “são um instrumento extraordinário para este tempo mas deve ser entendido como provisório e não habitual, porque a celebração da Eucaristia é comunitária, requer a participação pessoal e a identidade da Igreja onde a assembleia participa e não assiste somente”.
A comunicação com os jovens foi outra das questões em análise, com a jovem Clara Keel Pereira, jovem profissional de Marketing Digital, a defender que “a Igreja tem de poder estar onde esta geração está, transmitir a alegria e poder dar a Boa Nova, estar lá é lançar sementes”.
A jovem partilhou que a presença da Igreja no digital tem de ser feita “com qualidade, regularidade e tempo”, chamou a atenção para a linguagem institucional, “muitas vezes usada”, e que “chega pouco aos jovens” e salientou a necessidade de “pegar nas histórias, dar a cara” para que os jovens se possam relacionar e aproximar” identificando os “influencers” como uma possível aposta.
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No encerramento das Jornadas foi entregue do Prémio de Jornalismo Dom Manuel Falcão à reportagem multimédia do Expresso sobre o “adeus dos monges da Cartuxa”, da jornalista Christiana Martins, e, ainda, a título honorífico, aos jornais centenários Notícias da Covilhã e Jornal da Beira.
D. João Lavrador, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, concluiu os trabalhos incentivando os jornalistas e comunicadores a traduzir “os verdadeiros valores de uma sociedade nova, que está a aparecer”.
JM (com Agência Ecclesia)
Foto: Agência Ecclesia