comprehensive-camels

“Firmes no serviço”: Clero de Setúbal reúne em plenário para dar arranque ao ano pastoral

20201007-plenario-clero (10)

D. José Ornelas pediu aos presbíteros e diáconos fidelidade, confiança, comunhão e resiliência no serviço como forma de ajudar as comunidades a ultrapassar a crise.

A primeira terça-feira de outubro é marcada pelo plenário do clero, que acolhe as orientações pastorais para o ano que se inicia. Este outubro não foi exceção, com a diferença do encontro se realizar por videoconferência em virtude da situação pandémica que impede a reunião presencial.

A situação epidemiológica em Portugal e no mundo foi tema central na alocução do Bispo diocesano, que apelou ao esforço, criatividade e espírito de renovada comunhão do clero.

“Não escolhemos nós as condições do mundo onde trabalhamos, mas sabemos que o Senhor nos acompanha” refere D. José Ornelas, manifestando o desejo de todos permanecerem “fiéis à decisão de seguir o Senhor Jesus” e de colocar-se, “com Ele e como Ele, ao serviço da Sua Igreja.”

Sentimos o vento e as ondas da tempestade que nos sacodem, mas queremos continuar firmes no serviço que Ele nos pede, ajudando as nossas comunidades e toda a sociedade a ultrapassarem esta crise.”

Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e cinquentenário da Diocese

Como um dos objetivos mobilizadores do ano, o prelado definiu a JMJ, agora agendada para 2023, cujo trabalho de preparação é confiado ao Departamento de Juventude e Comité Organizador Diocesano (COD) em estreita articulação com as dioceses de Lisboa e Santarém.

“Esperamos, e tudo faremos, para que este evento motive os nossos jovens para o encontro com Cristo e para a sua participação ativa na vida da Igreja e na missão que Deus lhe confia”, acrescenta.

D. José Ornelas identifica ainda como meta, em 2025, os 50 anos da Diocese, esperando que a celebração “represente um processo de renovação sinodal da nossa Igreja, precisamente a partir dos nossos jovens e do caminho que a JMJ nos ajuda a percorrer”.

“Levanta-te, participa e testemunha”

É este o tema do ano pastoral, que se inspira no lema da JMJ 2023 a partir da atitude de Maria, depois do anúncio do anjo [“Maria levantou-se e dirigiu-se apressadamente para as montanhas…” (Lc 1,39)].

“Levantar-se” é a primeira atitude de Maria, que nos faz falta como Igreja, a começar por nós próprios, Bispo, Presbíteros e Diáconos: uma atitude de escuta de Deus e do seu povo e de disponibilidade para responder”.

O prelado salienta ainda que “Participar” é “a continuação do levantar-se para sair, partir, ir ao encontro, como resultado da escuta da Palavra de Deus” e “é a atitude da Igreja ativa e “em saída”, que vai à procura, acolhe e insere a todos na sua dinâmica de comunhão e de missão.”

“Participar” é ainda uma atitude muito necessária neste tempo pois, na ótica do Bispo diocesano, “há muita gente que se habituou ao domicílio, por doença, por medo, por comodismo” destacando a ausência de crianças e jovens nas comunidades. “É preciso ajudar a desconfinar, sem pôr em risco a vida e a saúde de ninguém”, alerta.

Já o verbo “Testemunhar” é “diretamente dirigido à missão, dentro e fora da Igreja”. É missão do clero “levar as nossas comunidades a darem o testemunho do Evangelho da presença, da atenção a quem precisa, da proximidade a quem está isolado, da comunicação da alegria e da esperança do Evangelho”.

 

Pandemia de Covid-19: “encontro real” mas em segurança

Fazendo algumas chamadas de atenção para o novo ano, D. José Ornelas apelou que se procure tender para o encontro real com as comunidades “criando condições para que esses encontros se realizem com segurança, minimizando o risco de contágio”.

O prelado apela a que não se descuide as normas estabelecidas pela CEP “pois a sua negligência, além do mal direto que causa leva à falta de confiança da maioria dos nossos fiéis. “Somos chamados a combinar a coragem do Evangelho, com a caridade responsável de cuidar uns dos outros”, ressalta.

No seu discurso, exortou ainda à atenção com “os mais atingidos pelas consequências económicas da crise”, pedindo a mobilização das comunidades e a articulação de respostas solidárias.

Ação pastoral assente no trabalho vicarial e no regresso à Eucaristia

O Padre Luís Ferreira, Vigário Episcopal para a Pastoral, apresentou ao clero o calendario de atividades, agradecendo o esforço dos secretariados e movimentos em apresentar datas no clima de incerteza que se vive.

Sobre o programa pastoral, o presbítero anunciou que, este ano, “as nossas atenções não se moverão para atividades e concentrações diocesanas como estamos habituados, mas sim para as pequenas comunidades, nas vidas paroquiais, valorizando também o trabalho vicarial”.

Como diretrizes para o novo ano pastoral, o padre Luís Ferreira recordou as normas da Conferência Episcopal Portuguesa, a nota pastoral de D. José Ornelas “Novo ano pastoral em tempo de pandemia” e as orientações do Secretariado Nacional de Educação Cristã para a Catequese.

“É preciso repensar, animar e desafiar mais a presença das pessoas na Eucaristia” reitera o padre Luís referindo que é necessário “fomentar as pessoas a regressar às comunidades” “com as devidas seguranças”, proporcionando por exemplo momentos de adoração eucarística e de reconciliação.

Memória e fé nas palavras de D. José Ornelas

Como iniciativas do ano, o bispo diocesano salientou ainda o trabalho de criação da Fundação Dom Manuel Martins, que “aprofundará a herança eclesial do nosso primeiro Bispo”, com principal destaque para o projeto “Academia Fé e Cultura”, sucedâneo da “Escola da Fé”, “num modelo mais adaptado à realidade atual da nossa Igreja e que esperamos que possa servir como plataforma de aprofundamento da fé dos nossos cristãos e de diálogo e evangelização voltada para a sociedade”.

O Bispo de Setúbal anunciou também os acordos concluídos com a Câmara Municipal de Sesimbra para o restauro do Santuário de Nossa Senhora do Cabo Espichel.

Por fim, D. José Ornelas fez ainda memória dos Padres Manuel Vieira e Manuel Soares e do Diácono António Margalhau, falecidos nos últimos três meses.

“Conservamos a sua memória na nossa saudade, na nossa gratidão pelas sementes que lançaram e na esperança orante com que os temos presentes perante o Senhor. Que eles continuem, junto do Bom Pastor a acompanhar esta Igreja à qual dedicaram a sua vida”, suplicou o bispo diocesano.

JM

Partilhe nas redes sociais!
07 de Outubro de 2020