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A Palavra do Papa: o poder transformador da educação, a Igreja que chama todos, Carlo Acutis e o livro que ensina a rezar

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Esta semana, o Papa participou no lançamento do novo “Pacto Educativo Global” e fala em “catástrofe educativa”. Convida a Igreja a chegar às “encruzilhadas da sociedade” e ensina que, para rezar, “basta ser quem somos”.

Pacto Educativo Global: “sementes da esperança”

O Papa Francisco propôs esta quinta-feira um novo “Pacto Educativo Global”, através de uma mensagem em vídeo divulgada no evento de apresentação da iniciativa, organizado na Pontifícia Universidade Lateranense.

Francisco atualizou o convite feito em setembro de 2019 a toda a sociedade civil referindo que quando esta ideia surgiu nem se pensava numa possível pandemia. Agora fala numa “catástrofe educativa”, pois cerca de dez milhões de crianças estão em risco de abandonar a escola por causa da crise económica gerada pelo coronavírus.

O Sumo Pontífice considera que a educação tem um “poder transformador”: “educar é sempre um ato de esperança” e “um dos caminhos mais eficazes para humanizar o mundo e a história”.

A educação é, sobretudo, uma questão de amor e responsabilidade que se transmite, ao longo do tempo, de geração em geração. Por conseguinte, a educação apresenta-se como o antídoto natural à cultura individualista.”

Na sequência, o Santo Padre faz a proclamação em sete pontos dos compromissos a assumir para quem adere ao novo Pacto, como: colocar a pessoa em primeiro lugar, ouvir a voz das crianças, dos jovens e da família, investir na educação das meninas, educar ao acolhimento, encontrar novas formas de compreender a economia e a política, assim como guardar e cultivar a casa comum.

“Queremos empenhar-nos corajosamente a dar vida, nos nossos países de origem, a um projeto educativo, investindo as nossas melhores energias e também iniciando processos criativos e transformadores em colaboração com a sociedade civil”, continua.

“É tempo de olhar em frente com coragem e esperança. Que, para isso, nos sustente a convicção de que habita na educação a semente da esperança: uma esperança de paz e justiça; uma esperança de beleza, de bondade; uma esperança de harmonia social!” conclui.

O “Pacto Educativo Global” é uma iniciativa promovida pela Congregação para a Educação Católica (Santa Sé) com o apoio da UNESCO e de várias instituições académicas. Saiba mais aqui.

Igreja chamada a ir até às “encruzilhadas” da humanidade

A parábola do banquete nupcial, descrita no Evangelho de São Mateus, proposto para o XXVIII Domingo do Tempo Comum, inspirou a reflexão do Papa no Angelus, quando recordou, que “não basta aceitar o convite para seguir o Senhor, é preciso estar disponível para um caminho de conversão, que muda o coração.”

Dirigindo-se aos presentes na Praça São Pedro num domingo chuvoso, Francisco começou a explicar que com a parábola, “Jesus traça o projeto que Deus concebeu para a humanidade”.

O rei que “preparou a festa de casamento do seu filho é a imagem do Pai que organizou para toda a família humana uma maravilhosa festa de amor e comunhão ao redor do seu Filho unigénito”.

Ao receber a recusa dos convidados a estarem presentes na festa, porque dão preferência “aos seus interesses e coisas materiais, em vez do Senhor que os chama”, o rei manda os servos às periferias convidar quem eles encontrarem.

É assim que Deus se comporta: quando ele é recusado, em vez de desistir, repropõe e convida a chamar todos aqueles que estão na encruzilhada dos caminhos, sem excluir ninguém. Ninguém é excluído da casa de Deus.”

O Papa explica que a “Igreja é precisamente chamada a ir até as encruzilhadas de hoje, isto é, às periferias geográficas e existenciais da humanidade (…) porque o Evangelho não é reservado a poucos eleitos. Também aqueles que estão à margem, mesmo aqueles que são rejeitados, aqueles desprezados pela sociedade, são considerados por Deus dignos do seu amor. Para todos, Ele prepara o seu banquete: justos e pecadores, bons e maus, inteligentes e incultos.”

A Papa aproveitou a sua alocução para manifestar a sua “proximidade às populações atingidas pelos incêndios que estão a devastar várias regiões do planeta, bem como aos voluntários e aos bombeiros que arriscam as suas vidas”.

“Que o Senhor sustente aqueles que estão a sofrer as consequências dessas catástrofes e nos torne atentos para preservar a criação” concluiu.

O poder da oração das crianças e o exemplo de Carlo Acutis

No próximo domingo, 18 de outubro, 80 países vão participar na campanha de oração da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre intitulada “Um Milhão de Crianças Rezam o Terço pela Paz”.

O Papa Francisco, no final do Angelus, encorajou a participação na manifestação mundial que vai rezar “especialmente pelas situações críticas causadas pela pandemia”.

O Papa Francisco recordou ainda a beatificação no sábado, dia 10, em Assis, do jovem Carlo Acutis, que com o seu testemunho indica aos jovens de hoje que “a verdadeira felicidade se encontra em colocar Deus em primeiro lugar e servir os irmãos”.

“Enamorado pela Eucaristia”, o jovem Carlo Acutis “não se acomodou numa confortável imobilidade, mas acolheu as necessidades do seu tempo, porque nos mais fracos via o rosto de Cristo”.

Na Carta Apostólica lida no rito de beatificação, o Santo Padre referia que o jovem beato, “com o entusiasmo da juventude, cultivou amizade com o Senhor Jesus, colocando a Eucaristia e o testemunho da caridade no centro da própria vida.”

O dia 12 de outubro foi consagrado como a sua festa litúrgica. Saiba mais aqui.

“Quem reza não é um iludido”

“A oração dos Salmos” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral, desta quarta-feira, realizada na Sala Paulo VI.

O Livro dos Salmos “é composto apenas de preces. Um livro que se tornou pátria, ginásio e casa de incontáveis orantes. Faz parte dos livros sapienciais, porque comunica o “saber rezar” através da experiência do diálogo com Deus”, disse o Pontífice.

“Ao ler e reler os salmos, aprendemos a linguagem da oração. Os salmos são a palavra de Deus que nós, humanos, usamos para falar com Ele”, sublinhou o Papa, acrescentando que estes “são invocações, muitas vezes dramáticas, que nascem da experiência viva da existência”.

O Santo Padre esclarece que para recitar os salmos “basta ser quem somos”, “não maquilhar a alma”, rezar “com as coisas bonitas e feias que ninguém conhece, mas nós por dentro conhecemos”.

Para o Papa, a oração dos salmos pode estar repleta de sofrimento e por isso funciona como “um grito múltiplo” no qual a dor se torna “relação”: “um grito de ajuda à espera de encontrar um ouvido que ouça.”

Diante de Deus, “somos rostos e corações, conhecidos um por um, pelo nome. Nos salmos, o fiel encontra uma resposta. Ele sabe que mesmo que todas as portas humanas estivessem trancadas, a porta de Deus está aberta.” 

Faz-me, bem nos momentos tristes, pensar em Jesus que chorava, quando chorou a olhar Jerusalém, quando chorou diante do Túmulo de Lázaro. Deus chorou por mim. Deus chora pelas nossas dores. Deus quis se fazer homem para poder chorar. Pensar que Jesus chora comigo na dor é um consolo. Ajuda-nos a ir em frente. Se permanecermos em relação com Ele, a vida não nos poupa o sofrimento, mas abre-se a um grande horizonte de bem e envereda-se rumo à sua realização. Coragem! Avante com a oração. Jesus está sempre junto de nós.”

Na ocasião, o Papa saudou em particular as Monjas Trapistas de Vitorquiano que vão fundar um novo Mosteiro em Portugal. “Rezemos ao Senhor, para que tenham muitas vocações, como agora, que as têm muitas” – disse Francisco na sua alocução.

As Trapistas de Vitorquiano são uma comunidade da Ordem Cisterciense de Estricta Observância (mais conhecida por Ordem Trapista) e pertencem ao movimento monástico que a partir do século VI, seguindo a Regra de São Bento, evangelizou e promoveu o desenvolvimento da Europa.

JM (com recursos Vatican News)

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15 de Outubro de 2020