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Educação Cristã: Descobrir em conjunto caminhos novos

Mother holding a hand of his son in summer day walking on the st

Reflexão de Leonor Caracóis, professora de Educação Moral Religiosa Católica, no âmbito da Semana Nacional da Educação Cristã, que se vive de 18 a 25 de outubro.

Há poucos dias atrás a mãe de uma adolescente que com regularidade partilha comigo a desafiante tarefa de educar as filhas, contava-me um episódio com alguma alegria: a filha Marta de 12 anos, demonstrava a sua estranheza pelo facto de um colega de turma ser excelente aluno a Matemática, brilhante em Ciências e Físico-Química, mas não conseguir perceber porque é que é mau ser racista…  Em tom de esperançoso desabafo a mãe concluía: “pode ser que alguma coisa esta miúda tenha dentro e que não sejam em vão tantos esforços… Assim haja professores, catequistas e familiares, que nos ajudem a ensiná-los a pensar e a ter sentido crítico… Caso contrário vão por arrastamento atrás de outros”.

A Nota Pastoral da Conferência Episcopal para a Semana da Educação Cristã deste ano sublinha o facto de “estarmos a viver uma mudança de época e, portanto, precisarmos de descobrir em conjunto caminhos novos para preparar o futuro” … Assim é…. Teremos que trilhar novos caminhos e hoje, talvez mais do que nunca, da educação das nossas crianças e jovens não podem demitir-se as famílias, mas tampouco podem demitir-se as escolas, argumentando que a sua competência se limita à transmissão de conhecimentos, nem a Igreja. Precisamos uns dos outros e todos somos convocados para a bonita e desafiante tarefa de transmitir aos mais novos o que de melhor temos e somos como humanidade. 

Esta mudança de época  viu-se acelerada pela atual pandemia, mas o certo é que ela já estava a acontecer, vivendo nós no seio de uma sociedade “hiper-conectada”, com acesso a uma quantidade ilimitada de informação, mas simultaneamente com pouca capacidade de comunicação e compromisso com os outros, correndo nós o risco de estarmos cada vez “mais próximos dos desconhecidos e mais desconhecidos dos que nos são próximos[1].

Percebemos que o contexto é de uma enorme complexidade e instabilidade, mas simultaneamente propício a que apostemos cada vez mais numa educação integral que forme para a liberdade, para a capacidade de pensar e analisar criticamente os acontecimentos. Tempos propícios também para fomentar o hábito de “olhar para o lado”, reparar nos outros, naqueles que com mais dificuldade atravessam estes tempos estranhos e comprometermo-nos a fazer algo por eles, pelo bem comum… E quem sabe se, depois de tempos de abundância e consumismo exagerado, somos capazes de estrear modos de vida mais simples e respeitadores da Casa Comum, descobrindo, como diz o Papa Francisco, que “a sobriedade vivida livre e conscientemente é libertadora. Não se trata de menos vida, nem vida de baixa intensidade; é precisamente o contrário”[2]

A tarefa diária, com as suas luzes e sombras, mas com um compromisso claro e concreto de tantas famílias, de tantos professores e educadores na fé, é sinal de que é possível enfrentar com esperança o enorme desafio de educar, sem resignar-nos a horizontes demasiado rasteiros e atrevendo-nos a apontar um horizonte de sentido amplo que pode dar consistência à vida dos mais e dos menos jovens, tornando-nos todos mais humanos.

Leonor Caracóis, Professora de EMRC

 

[1] J. T. MENDONÇA, O pequeno caminho das grandes perguntas, 73.

[2] Carta Encíclica Laudato Si`, 223

 

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21 de Outubro de 2020