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Fiéis Defuntos/D. José Ornelas: “Que o sofrimento não nos paralise a cabeça e o coração”

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Nestes dias de Todos os Santos e Fiéis Defuntos, o Bispo de Setúbal recorda que “o nosso destino não é, simplesmente, acabar. É quando pensamos que a nossa vida está a acabar, que ela está apenas a começar, de um modo novo e definitivo, junto de Deus”.

D. José Ornelas celebrou o Dia dos Fiéis Defuntos na Paróquia de Santiago, Sesimbra, presidindo às vésperas e à Eucaristia.

Na sua homilia, o prelado começou por referir que a Solenidade de Todos os Santos e a Comemoração dos Fiéis Defuntos, apesar de serem assinalados em dias diferentes, dizem respeito à “mesma realidade” de celebração dos irmãos que partiram. “Partir, porque nós não somos daqui. É o partir desta vida que aqui, nesta terra, tem um limite”.

Para D. José Ornelas, estas datas lembram-nos como somos frágeis, algo que a pandemia que vivemos nos ajudou a perceber, conscientes que a “assembleia festiva do céu começa nesta terra, na fragilidade que nós temos, mas incompatível com a dramaticidade que colocamos nos acontecimentos.”

Recordou-nos a humanidade dos santos, que não são santos “porque foram irrepreensíveis, sempre perfeitos, mas porque Deus os santificou. Foram justos porque Deus os justificou. Abriram a vida, não porque eles a tenham conquistado mas porque Deus é o Senhor da Vida e a concede.”

 

Na leitura do Livro de Job (I Job 19, 1.23-27a), encontramos um homem bom e paciente, abençoado por Deus. Job perde tudo, perde a riqueza, perde a família, perde a honra porque lhe diziam “Deus castigou-te foi porque foste mau.” Mas Job não perde a fé: “Eu sei que o meu redentor vive e que há-de levantar-se, nem que seja sobre o meu cadáver, para me dar a razão, que não é minha, mas é a razão de Deus.”

“Sabemos que encontramos a dor, que encontramos o sofrimento na nossa passagem por este mundo” refere o prelado, acrescentando que esse é um processo “necessário”, “não porque Deus goste do sofrimento, até porque Jesus passou a vida a aliviar o sofrimento, mas porque nos prepara para a vida que não acaba”.

No episódio da Ressurreição de Lázaro (Jo 11, 21-27), Jesus compadece-se e não suporta o sofrimento do outro, e por isso chora. Diz a Marta “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em Mim nunca morrerá.”

 

“A morte não é como um fechar-se mas como um abrir-se. É um sinal do que Jesus é, ele que passou pela morte mas que está aí, vivo, constantemente, nas nossas estradas e nas nossas vidas”, comenta o bispo diocesano.

“Ter esperança não nos tira a saudade e a dor mas faz-nos saber que a vida que o Senhor nos traz pelo seu Espírito é maior do que as nossas dores, é maior que os nossos sofrimentos, é maior do que nossa morte. Que o Senhor nos dê esta perspetiva de vida. Que o nosso sofrimento não nos paralise a cabeça e o coração”, conclui.

Nesta Eucaristia, D. José Ornelas pediu para se ter em oração todos os fiéis defuntos, em especial “aqueles que foram vítimas da pandemia” mas também “aqueles que estão a sofrer nos nossos hospitais e lares e por aqueles que cuidam desses (hospitalizados) com tanto empenho mas também com tanto sacrifício.”

JM

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03 de Novembro de 2020