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Setúbal/Azeda: D. José Ornelas dedicou nova Igreja ao Imaculado Coração de Maria

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No passado sábado, dia 31 de outubro, o Bispo de Setúbal, D. José Ornelas, consagrou uma nova Igreja na cidade sadina, dedicada ao Imaculado Coração de Maria. Este novo templo, todo ele em madeira, situa-se na Azeda, mesmo por detrás do Centro Comercial Alegro Setúbal, e vem inaugurar uma renovada presença da Igreja naquela zona da cidade em franco crescimento. Depois de trinta anos a celebrar a sua fé na Escola Primária da Azeda, a comunidade da Quasi-Paróquia do Coração de Maria tem agora uma nova “casa”.

 

“Casa de Deus aberta ao mundo”

Na homilia da celebração, o Bispo diocesano exortou a comunidade a abrir esta nova ‘casa’ ao mundo: “Esta nova Igreja é um ponto de referência necessário, aqui, nesta zona da cidade. Precisamos desta presença de Deus no meio dos Homens, mas não podemos fechar Deus dentro de casa. Na verdade, esta casa tem de estar aberta ao mundo, e a comunidade que aqui se reúne deve ter isso bem presente”.

D. José Ornelas destacou, ainda, que a casa-igreja deve ser um “laboratório da Casa Comum” a que o Papa Francisco convida a construir. “Esta península está cheia de gente que veio de fora para cá, e que ao longo dos séculos foi formando esta cidade e que a Igreja soube acolher e integrar. Agora, mantendo a tradição, mas de forma criativa, temos que continuar a encontrar, para todos e cada um, soluções justas e solidárias, que respeitem os seus direitos”.

“Esta é uma casa que não está fechada – reforçou, ainda, o Pastor da Diocese – Abrimos a porta, para acolher quem chega, quem vem triste, cansado, desanimado… e saímos para ir ao encontro. Que esta comunidade possa crescer e ser símbolo do projeto que Deus quer para os Homens: acolhedora, transformadora, que contribui para um mundo melhor”.

 

“Não deixar nada ao acaso”

Nas palavras finais dirigidas à comunidade, o quasi-pároco, Padre Casimiro Henriques, deixou diversos agradecemos, não só à Câmara Municipal de Setúbal que ofereceu o terreno, mas a todos os que estiveram envolvidos na construção desta nova igreja e que muito ali se entregaram para que esta obra pudesse ganhar forma, “não deixando nada ao acaso” (ver, no final, o discurso completo do sacerdote que destaca todos os pormenores técnicos sobre a Igreja do Imaculado Coração de Maria, em Setúbal).

O sacerdote lembrou, ainda, os seus antecessores claretianos que sonharam construir comunidade naquela zona da cidade e desejaram este novo templo agora dedicado: o Padre António Monteiro e o Padre Álvaro Teixeira.

Destacou, igualmente, que a  base daquela igreja foi, e é, a comunidade, “uma comunidade que ao longo de sessenta anos se foi constituindo e construindo, lutando para que o sonho de se tornar paróquia e ter uma igreja, passasse do sonho a realidade. Muitos já não estão cá e por isso a comunidade não é apenas a reunião dos que aqui estão, mas também daqueles que já no Céu rezam por nós e por isso são comunidade connosco”.

 

“Abrir as portas da vida e do coração”

O quasi-pároco disse, também, que a comunidade que não deve ficar confinada nas suas fronteiras, mas deve saber ir mais longe, ser Igreja de portas abertas. E ser igreja de Portas abertas, não é abrir as portas da casa, mas sim abrir as portas da vida e do coração”.

A celebração do passado sábado, com participação muito limitada devido à necessidade de garantir as condições sanitárias em virtude da situação pandémica que estamos a viver, contou com a presença da Presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, do Presidente da Junta de Freguesia de São Sebastião, Nuno Costa, e do Presidente da União das Freguesias de Setúbal, Rui Manuel Canas.

A primeira pedra deste templo foi benzida a 6 de janeiro de 2020 e a primeira Eucaristia foi ali celebrada a 04 de outubro deste ano.

AS

Palavras do Padre Casimiro Henriques no final da cerimónia de dedicação da Igreja do Imaculado Coração de Maria (Azeda, Setúbal)

Queridos irmãos,

No fim desta celebração, não poderia deixar de me vos dirigir.

Ao Bom Deus, ao seu Filho Jesus e ao Divino Espírito Santo, toda a honra e Glória. A Ele a maiores graças. A Ele e só a Ele o maior obrigado, o Louvor, porque a Ele tudo devemos.

À Virgem Santa, ao seu Doce Coração, a quem esta igreja é dedicada, Ela que acompanhou o seu Filho até ao Egipto para o livrar dos perigos, também a nós nos vai guardando, protegendo e amando.

A São José, o castíssimo esposo da Virgem Santa, protector da Igreja e dos que a Ele recorrem. Que o Bom Deus por intercessão dos seus santos, sempre nos vá amparando no desafio da construção da Igreja, que são os homens e as mulheres, as pedras vivas, o seu Povo.

A história desta comunidade, começa nos já longínquos anos 60 do século XX, com a vinda do Padre António Monteiro, cmf, que neste território mais afastado da cidade sonhou construir uma comunidade. 60 anos nos separam desse momento.

Com o Padre Álvaro Teixeira em 1995, deu-se um passo adiante e a comunidade foi elevada a quasi-paróquia. Foram vários os projectos que se fizeram, para a construção de uma igreja, sonho que este sacerdote sempre acalentou. Muito fez e diligenciou para que hoje pudéssemos aqui chegar, de forma particular nos diálogos com a Câmara Municipal de Setúbal, para que esta oferecesse um terreno à Paróquia.

Este terreno, no qual nos encontramos, foi oferecido pelo Município. Senhora presidente, a Câmara Municipal não é só aquilo que se diz dela, um amontoado de serviços burocráticos. É antes, um organismo feito de homens e mulheres com qualidades e pecados, e por isso mesmo, parte da mesma Igreja que somos nós. Dou graças a Deus pela generosidade da Instituição a que preside, por nos ter oferecido este grande terreno, que nos possibilitou construir este edifício e os que se lhe vão seguir. Obrigado a si e aos que a precederam, obrigado aos vereadores e trabalhadores que tornaram possível a construção desta igreja-edifício. Que o Bom Deus vos guarde.

Aos senhores presidentes das Juntas de Freguesia de São Sebastião e União de Freguesias de Setúbal a nossa gratidão. Esta Comunidade muito vos deve, a vós individualmente, mas também enquanto presidentes de junta e aos vossos trabalhadores. A Quasi-Paróquia do Coração de Maria tem a característica de ultrapassar as fonteiras das duas freguesias a que presidem, e por essa razão vê-se como “Paróquia além-fronteiras”. E que bom é esta característica, pois as fronteiras não devem servir para dividir, mas sim para facilitar e possibilitar servir mais e melhor. Afinal de contas a Paróquia não deve ficar confinada nas suas fronteiras, mas deve saber ir mais longe, ser Igreja de portas abertas. E ser igreja de Portas abertas, não é abrir as portas da casa, mas sim abrir as portas da vida e do coração. Espero continuar a trabalhar convosco, e poder contar com a vossa ajuda.

Para aqui estarmos, houve muito trabalho e dedicação, muito dele nunca será conhecido e muitos daqueles que aqui serviram não terão os seus nomes ditos, nem o seu labor exaltado.

O Eng. Tiago Cordovil, foi e é um destes. Em boa hora passou por este lugar e deitou mãos ao trabalho não se poupando a esforços, fazendo tudo o que estava ao seu alcance e talvez um pouco mais, para que o terreno pudesse ser limpo e vedado. Era assim dado um sinal, de que alguma coisa aqui começava a nascer, e que a comunidade fosse merecedora desta grande doação. Obrigados nunca serão suficientes para compensá-lo dos muito que fez e da ajuda que me prestou nas diferentes lutas que fomos travando.

Depois, Deus concedeu-nos mais um trabalhador na sua vinha, o sr. Constantino Capela e a sua empresa a Colicapela. Fomos ao seu encontro com uma ideia pobre e simples, sujeita a uma única restrição, tínhamos pouco mais de cem mil euros para construir uma igreja, perguntamos-lhe: “é possível”? Num diálogo imediato, em conversa paralela com o Eng. Tiago Antunes, fizeram umas contas e disse-nos firme e solenemente: “sim, vamos construir a igreja”!

Senhor Capela, temos consciência que o dinheiro que lhe demos não é suficiente para pagar o que aqui temos, por isso sabemos que esta igreja é fruto da sua generosidade, dedicação e certamente da sua fé. Estou e estamos-lhe gratos, mas mais grato estou ao Pai do Céu que me conduziu até si. Muito obrigado a si e à sua empresa, configurada nos seus trabalhadores. Um agradecimento particular à Eng. Iola e ao Eng. Tiago Antunes, que foram inexcedíveis na dedicação e trabalho neste projecto. De forma particular o Eng. Tiago Antunes, foi incansável na busca de soluções para os problemas e desafios que lhe apresentávamos. Leve em nosso nome o nosso profundo agradecimento aos seus trabalhadores, porque são muito mais do que isso pondo tanto amor naquilo que fazem. Peço a Deus que proteja os vossos trabalhadores, projectos, obras e negócios, para que continuem a levar a outros esta semente de amor que aqui connosco nos ajudaram a semear.

Estimados Arquitectos, Inês e Miguel Vieira da Silva do Gabinete de arquitectura SAMI. Aqui fostes muito mais do que os arquitectos a quem devemos este desenho, pois este trabalho não foi pago com valores monetários. Esta obra foi desenhada por vós, não para nós, mas para o Senhor, para que Ele aqui pudesse habitar. E hoje Deus habita aqui, tal como habita no vosso coração. Não contabilizastes as horas dedicadas a este projecto, juntamente com os Arquitectos do vosso gabinete, de forma particular o Arquitecto João. Impressionou-me sempre a vossa delicadeza, para mudar e redesenhar o projecto, para que a construção correspondesse áquilo que a Igreja pede que seja uma igreja. E aqui havia uma dificuldade maior, pois este edifício seria em madeira. Foi um acto de abandono o passo que cada um de vós deu comigo e de confiança no Bom Deus, que eu prometia que nos guiaria. Arquitectos Inês e Miguel, se aos nomes que eu citei não tenho agradecimentos suficientes, como poderei ter para vós? Fostes o corpo, a alma e o coração deste projecto. Cada vez que aqui entramos e rezarmos, estará aqui Santa Inês e São Miguel a rezar connosco.

Contudo, após o edifício concluído eles não quiseram abandonar a construção, e graças a Deus continuaram a acompanhar todos os passos não deixando nada ao acaso.

Sucedia-se assim, o desafio de elaborar os projectos para o mobiliário litúrgico, sendo que o Altar, a Cruz, a Pia Baptismal, as Cruzes da Dedicação e o Plinto da Imagem do Coração de Maria seriam em pedra mármore, branco de Estremoz. O Ambão, o Sacrário, os bancos da Presidência e da Assembleia, seriam em madeira.

Associaram a si o Designer Rui Alves, que tratou das peças em madeira, que ofereceu integralmente o seu trabalho, não o conhecemos o que torna esta doação ainda de maior valor, estamos muito gratos a Deus pelo seu trabalho e oferta. As peças foram elaboradas pela empresa DECÍMETRO de Paços de Ferreira, a quem agradecemos.

Para as peças em pedra, tivemos o altíssimo contributo, saber e experiência do Mestre António Luís e dos seus trabalhadores da Aurimármores. Em estreita colaboração, os arquitectos Inês e Miguel e o António, foram cuidando para que o Altar ocupasse o lugar central e de honra que lhe é devido na igreja. Do vosso trabalho nasceu este altar e cada vez que aqui Jesus aqui for oferecido em sacrifício, as vossas mãos aqui estarão, porque este altar está impregnado delas como do azeite que o ungiu.

Os candeeiros, também representaram um desafio, já que o ponto de suspensão não se queria visível e assim necessitavam de uma peça que servisse de transição e de suporte. Para conseguirmos a realização destas chapas, bem como do elemento de ligação das partes da cruz da parede do altar, tivemos o auxílio do cinzelador Carlos Nunes, que com a sua dedicação, trabalho e saber nos ajudou a alcançar o objectivo. Muito obrigado a este profissional que neste e noutros trabalhos tanto tem servido a nossa Diocese.

Na aplicação de folha de ouro nas portas do sacrário, tivemos a ajuda da Dra. Joana Rosário, conservadora-restauradora da empresa ACERVO, membro da Comissão Diocesana de Arte Sacra (CDASS), a quem muito agradecemos o trabalho no exíguo tempo de que dispôs. E também um agradecimento é devido à Arquitecta Cristina Branco, também ela membro da CDASS, a quem competiu fazer a análise dos projectos desta igreja e emitir as apreciações que íamos passando à equipe projectista. Desta feita, teve de realizar o trabalho sozinha, pois o dono de obra era parte interessada no projecto em apreciação. Agradeço a Deus, as pessoas tão profissionais que me concede, para levar a bom termo os trabalhos que vamos tendo entre mãos.

O Arquitecto Miguel Vieira da Silva, certa vez disse: “esta obra é irrepetível”. Talvez tenha razão, e nessa expressão percebemos como esta obra excede as forças e esforços de uma comunidade. Sabemos que esta construção só foi possível, porque o Bom Deus nos trouxe todos aqueles que falamos e muitos outros, que com o seu concurso toraram possível a edificação deste Templo.

Mas qualquer construção, precisa da sua base, e desta igreja a base é esta comunidade. Uma comunidade que ao longo de sessenta anos, se foi constituindo e construindo, lutando para que o sonho de se tornar paróquia e ter uma igreja, passasse do sonho a realidade. Muitos já não estão cá e por isso a comunidade não é apenas a reunião dos que aqui estão, mas também daqueles que já no Céu rezam por nós e por isso são comunidade connosco.

Não posso citar nomes, para que, justamente, ninguém fique magoado porque nominalmente foi esquecido. Mas expresso a minha gratidão por todos, os do passado e os do presente, os que aqui estão e os ausentes, os que aqui estão e os que não tiveram essa possibilidade, que Maria sempre vos guarde, e o Senhor multiplique as bênçãos e as graças do Céu.

Nesta hora em que damos graças a Deus pela nossa nova casa, devemos olhar para trás e agradecer à Comunidade da Escola Primária da Azeda, aos seus Directores, professores e auxiliares que ao longo de 30 anos, acolheram a celebração da Eucaristia e a catequese na sua casa. Foram inexcedíveis no acolhimento e no trato para com a nossa comunidade, Deus vos recompense.

A todos os benfeitores, que com o seu trabalho e as suas ofertas, tornaram possível esta igreja e o mobiliário que ela guarda. O nosso muitíssimo obrigado.

Todas as peças aqui são de autor, o que nos dá uma particular alegria, inclusive o cristo da sacristia, da autoria da escultora Maria José Brito, que se tornou também ela uma das nossas benfeitoras, com essa preciosa oferta. Estimada escultora, muito obrigado por ter entrado para este exército de homens e mulheres que tão bem servem a Igreja com as suas mãos, aqui se expressa a continua beleza da criação.

Obrigado a todos, a cada um dos nossos paroquianos, que com os pés, as mãos, os olhos e a boca, tornam presente Jesus na vida de todos os que a Ele querem amar. Que o Bom Deus sempre vos proteja e as vossas famílias.

Senhor Bispo, obrigado pela sua presença, e por este grande presente que nos deu.

O desafio que há três anos me deixou de “fazer alguma coisa na Azeda” está cumprido. No dia de Reis a 6 de janeiro de 2020 lançamos a primeira pedra, no dia 4 de outubro, dia de São Francisco de Assis celebrámos a primeira missa neste lugar. É assim um lugar, de algum modo, unido a esse primeiro momento de Jesus na terra, o do seu nascimento na grutinha de Belém. É por isso, este lugar, também o espaço da Esperança, do Silêncio, tal como o denominou alguém “parece o sótão da avó”, e por isso sinal de recolhimento, de aconchego e protecção.

Que assim seja, esta igreja: o lugar onde todos possam encontrar um espaço e tempo, para repousar no colo de Maria e no coração de Jesus.

Seja louvado Nosso Senhor Jesus Cristo

Padre Casimiro Henriques, Quasi-Pároco do Coração de Maria, a 31.10.2020, na Memória de Nossa Senhora das Vitórias

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06 de Novembro de 2020