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A Palavra do Papa: o risco da fidelidade e do serviço, o “pobre que sou eu” e Maria, a mulher orante

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Esta semana o Papa assinalou o Dia Mundial dos Pobres, convidando a Igreja a estender a mão a quem precisa de ajuda, com confiança e fidelidade, contrariando a preguiça e a indiferença. Pediu ainda para olharmos para o exemplo de Maria, como mulher que reza com o coração “aberto” e “silencioso”.

Dia Mundial dos Pobres: vamos estender a mão e ver Jesus nos pobres

Este domingo, o Papa Francisco celebrou na Basílica de São Pedro, a propósito do Dia Mundial dos Pobres, data por si instituída. O tradicional almoço comunitário com o Papa foi cancelado, mas a celebração contou com a presença de cem pessoas carenciadas, em representação dos pobres do mundo inteiro.

O Sumo Pontífice lembrou os milhões de novos pobres que surgiram com a pandemia, insistindo para que a Igreja seja serva fiel a Deus, estendendo a mão aos pobres que encontra diariamente.

Na homilia, ao comentar a parábola dos talentos (Mt 25, 14-30) do Evangelho do dia, o Pontífice refletiu sobre o início, o centro e o fim da vida. O início, quando o patrão confiou os talentos, ou seja, as riquezas monetárias aos servos, também Deus o fez connosco.

“Somos portadores de uma grande riqueza que não depende da quantidade de coisas que temos, mas daquilo que somos: a vida recebida, o bem que há em nós, a beleza intangível com que Deus nos dotou. Feitos à imagem d’Ele, cada um de nós é precioso a seus olhos, é único e insubstituível na história!”

O Pontífice então abordou o centro da parábola: a atividade dos servos, isto é, o serviço, que representa a nossa atividade, que faz frutificar os talentos e dá sentido à vida. Um estilo de serviço identificado pelos servos bons que, no Evangelho, “são aqueles que arriscam”, disse Francisco.

Segundo o Evangelho, recordou o Papa, “não há fidelidade sem risco”: “é triste quando um cristão se coloca à defesa, prendendo-se apenas à observância das regras e ao respeito dos mandamentos. Isso não basta!”.

Sobre o servo preguiçoso da parábola, classificado de mau, o Papa refere que não fez nada de mal “mas, de bom, também não fez nada. Preferiu pecar por omissão do que correr o risco de errar”.

“Ao contrário, o Senhor convida a envolver-nos generosamente e a vencer o temor com a coragem do amor, a superar a passividade que se torna cumplicidade. Nestes tempos de incerteza e fragilidade que correm, não desperdicemos a vida pensando só em nós mesmos, com aquela postura da indiferença.”

A fidelidade a Deus é servir aos pobres, que estão no centro do Evangelho, que nos enriquecem no amor, salientou o Papa. “Se não queremos viver pobremente, peçamos a graça de ver Jesus nos pobres, servi-Lo nos pobres”, comentou Francisco.

Angelus: repetir sempre ao coração que “o pobre sou eu”

No Angelus deste penúltimo domingo do ano litúrgico, o Santo Padre voltou a comentar a famosa parábola dos talentos (cf. Mt 25,14-30), do Evangelho de hoje, “que vale para todos, mas, como sempre, especialmente aos cristãos”. O texto faz parte do discurso de Jesus sobre os últimos tempos, que precede imediatamente a sua Paixão, Morte e Ressurreição.

A parábola fala de um senhor rico que deve partir e confia os bens a três servos, distribuídos de acordo com as habilidades de cada um. Como faz Deus connosco, disse Francisco, que nos conhece bem, “sabe que não somos iguais e não quer privilegiar ninguém em detrimento dos outros”, mas confia a cada um, segundo as suas capacidades.

O Papa falou do perigo da lógica da indiferença, convidando os cristãos a estender a mão aos pobres. Refere que “todos nós recebemos de Deus um ‘património’ como seres humanos, uma riqueza humana, seja ela qual for” e que “esses dons devem ser usados para fazer o bem, para fazer o bem nesta vida, como serviço a Deus e aos irmãos”.

O Papa então convidou todos os cristãos a repetir ao coração duas coisas: estender a mão ao pobre e que “o pobre sou eu”.

No final do Angelus. Francisco demonstrou solidariedade às vítimas do Tufão Vamco, nas Filipinas, e do incêndio num hospital na Roménia. Pediu também a oração da Igreja pela Costa do Marfim, em África, que enfrenta um contexto de tensão social e política que também já provocou muitas vítimas.

“Senhor, aquilo que quiser, quando quiser, e como quiser!”

“No caminho destes nossos encontros sobre a oração, hoje deparamo-nos com a figura da Virgem Maria como mulher orante”, disse o Papa Francisco no início da sua catequese na Audiência Geral, desta quarta-feira, realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico.

Quando o mundo ignora Maria, “quando ela é uma simples jovem futura esposa de um homem da casa de David, Maria reza. Podemos imaginar a jovem de Nazaré recolhida em silêncio, em contínuo diálogo com Deus, que logo lhe confiaria a sua missão.”

Maria, refere Francisco, “espera que Deus tome as rédeas do seu caminho e a guie para onde Ele quiser. Está em oração quando o Arcanjo Gabriel vem trazer-lhe o anúncio em Nazaré”.

“Não há melhor modo de rezar do que colocar-se como Maria em atitude de abertura, coração aberto a Deus: “Senhor, aquilo que quiser, quando quiser, e como quiser!” Uma oração simples. É colocar a nossa vida nas mãos do Senhor. Que seja ele a guiar-nos. Todos nós podemos rezar assim, quase sem palavras, simples. “Senhor, aquilo que quiser, quando quiser, e como quiser!”

A seguir, o Papa acrescentou, que “a oração acalma as nossas inquietudes, mas nós somos inquietos, queremos as coisas antes de pedirmos, queremos rápido, rápido. A vida não é assim. Essa inquietude faz-nos mal. A oração acalma a inquietude, sabe transformá-la em disponibilidade. Estou inquieto, rezo e a oração abre-me o coração e torna-me disponível à vontade de Deus. “

Segundo Francisco, “Maria acompanha em oração toda a vida de Jesus, até à sua morte e ressurreição; e no final acompanha os primeiros passos da Igreja nascente”, “entre os homens e mulheres a quem o seu Filho chamou para formar sua Comunidade. Maria não se comporta como um sacerdote entre eles, é a mãe de Jesus que reza com eles, em comunidade, como uma da comunidade. Reza com eles e por eles. E, mais uma vez, a sua oração precede o futuro que está prestes a acontecer: por obra do Espírito Santo tornou-se Mãe de Deus e, por obra do mesmo Espírito, torna-se Mãe da Igreja.”

“Como seria belo se nossa vida de oração fosse mais semelhante à de nossa Mãe! Com o coração aberto à palavra de Deus, com o coração silencioso, com o coração obediente, com o coração que sabe receber a palavra de Deus e a deixa crescer como uma semente para ao bem da Igreja”, concluiu o Papa.

JM (com recursos Vatican News)

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19 de Novembro de 2020