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Reflexão: “São Sebastião, mártir da Fé. Padroeiro.”

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A Memória

O calendário litúrgico indica que a 20 de janeiro, se assinale a memória litúrgica de São Sebastião. Nesse dia do ano 288 ou 300, teria dado sepultura ao seu corpo Santa Luciana (30 de Junho), que segundo a tradição tinha tido um sonho em que o santo lhe fazia este pedido, indicando a Via Ápia como o lugar desejado, junto do túmulo dos Apóstolos. Nesse lugar, no século IV, o Imperador Constantino mandou edificar uma Basílica.

Aquilo que sabemos da vida de São Sebastião, é o que nos transmitem os Actos Apócrifos atribuídos a Santo Ambrósio. Por outro lado, a Tradição também é uma fonte válida desta devoção, pois aquilo que ela nos transmite é um exemplo de fé de alguém que ultrapassou os obstáculos da vida, mostrando que mais forte que tudo é o amor a Deus.

O Santo Mártir deverá ter nascido nos inícios do Século III em Narbona, sul de França, tendo depois crescido em Milão. Contudo há também a tese inversa, que o seu pai seria da cidade francesa e Sebastião nascido em Milão. Seja como for, o Mártir na sua juventude muda-se para Roma.

Na cidade imperial, entra para o serviço da Guarda Pretoriana, sendo nomeado pelo imperador Diocleciano como Capitão-General.

Usando os privilégios que o seu posto lhe proporcionava, São Sebastião visitava os presos e aos cristãos animava para que se mantivessem firmes e fiéis a Jesus Cristo. Passa a ser um defensor da fé cristã e um intercessor dos cristãos perseguidos. As suas qualidades são amplamente elogiadas: figura imponente, prudência, bondade, bravura, era estimado pela nobreza e respeitado por todos.

Esta conduta rapidamente cria tensões e o Governador Romano Fabiano denuncia-o ao imperador, que o acusa de traição e condena-o compulsivamente à morte.

Foi atado a uma árvore e com flechas tentaram alcançar a sua morte. Abandonado o seu corpo, por ele passou uma jovem, de nome Irene (possivelmente Santa Irene) que verificou que ainda estava vivo. Levou-o para casa e curou-lhe as feridas. São Sebastião, não desiste de defender os cristãos e retorna à presença do imperador, acusando a sua impiedade e injustiça.

Diocleciano, condena de novo o Santo à morte, mandando que desta feita fosse chicoteado até à morte e depois atirado à Cloaca Máxima, o lugar mais imundo de Roma.

O Patrono

Quando uma comunidade escolhe um santo para seu patrono, isso significa que aquela figura é modelo de vida e um exemplo para seguir a Cristo. De forma particular, os santos mártires ganharam uma enorme projeção nas comunidades cristãs dos primeiros séculos e pelos séculos seguintes nunca perderam esse lugar querido no coração dos crentes.

Assim, o patrono é uma referência que inspira a vivência do Evangelho de uma forma mais excelente, sendo também modelo de fidelidade a Jesus Cristo a quem a comunidade deve imitar. Ao mesmo tempo, um padroeiro é assumido pela comunidade, como intercessor junto de Deus, como amigo de Jesus, através do qual se confia aquela comunidade à protecção divina.

O Padroeiro

Segundo a Tradição, São Sebastião visitava e animava os cristãos presos. Além disso era visita assídua junto dos leprosos que viviam isolados e abandonados nas periferias das cidades.

Por essa razão, é apresentado como santo protector dos doentes que contraíram doenças contagiosas e infecciosas.

Pela sua vida na Guarda Pretoriana, em muitos lugares, há a associação deste santo aos militares.

Por último, muitas vezes é também invocado nas causas impossíveis, já que o santo sobreviveu ao primeiro martírio, sendo então socorro para ultrapassar momentos de difícil solução.

A iconografia

A iconografia de São Sebastião, sendo mártir, assume uma certa rigidez que se liga à forma do seu martírio. Assim a árvore ou o tronco, o corpo nu e as flechas são sempre usadas para indicar a figura que se quer representar. Porque foi despojado das suas vestes, esse corpo nu ofereceu aos artistas um modelo excelente para mostrar a sua maestria no domínio do desenho e das formas do corpo humano.

 

Padre Casimiro Henriques, Pároco de São Sebastião, Quasi-Pároco do Coração de Maria, Reitor da Igreja da Boa Hora e Presidente da Comissão Diocesana de Arte Sacra de Setúbal

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21 de Janeiro de 2021