Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, dos Bens Culturais e das Comunicações Sociais apresentou mensagem do Papa, em sessão online que contou a participação da equipa do Gabinete de Comunicação da Diocese de Setúbal.
D. João Lavrador, responsável pela Comissão Episcopal que acompanha o setor dos media, em Portugal, desafiou hoje os profissionais da Comunicação Social a um trabalho centrado nas pessoas e na sua realidade.
“É dever dos comunicadores reconhecer o rosto da notícia que é a pessoa concreta, muitas vezes aqueles que não têm voz na sociedade”, disse o bispo de Angra, numa sessão online para a apresentação da Mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2021.
O texto, publicado no último sábado, tem como tema ‘«Vem e vê!» (Jo 1, 46) – Comunicar encontrando as pessoas como e onde estão’.
Para o presidente da Comissão Episcopal da Cultura, dos Bens Culturais e das Comunicações Sociais, os desafios do Papa são particularmente importantes “numa sociedade fechada em si mesma, em tempo de pandemia a aniquilar-se no medo do encontro, em isolamentos contínuos”.
“Urge não perder o que se pretende de uma verdadeira comunicação, que deve atender às circunstâncias próprias em que vivem as populações e as pessoas concretas”, acrescentou D. João Lavrador.
A comunicação não pode partir de abstrações, preconceitos, ideologias ou manipulações que sirvam interesses particulares. Pelo contrário, ela tem de se situar na descoberta das verdadeiras e profundas interrogações do ser humano e encaminhar para Vida, na sua totalidade”.
Na iniciativa online, a diretora do Secretariado Nacional das Comunicações Socais, Isabel Figueiredo, convidou a refletir sobre gestos e palavras dos comunicadores, particularmente em tempo de pandemia.
“Conseguimos ter presente no dia a dia, antes de escrever uma peça, de preparar uma emissão ou de pensar num post para as redes, o sentido ético que não nos permite fugir da linguagem que sabemos correta, da necessidade de infundirmos o que fazemos de um sentimento de pertença que nos une?”, questionou.
Isabel Figueiredo anunciou que o jornal da Diocese do Porto – inicialmente Voz do Pastor, hoje Voz Portucalense – que completa o seu 100.º aniversário, em 2021, vai receber a título honorifico o Prémio de Jornalismo Dom Manuel Falcão.
O encontro destinado aos Secretariados Diocesanos das Comunicações Socais estava inicialmente agendado para o Algarve, tendo sido aberto pelo bispo desta diocese, D. Manuel Quintas.
O Dia Mundial das Comunicações Sociais foi a única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II, no decreto ‘Inter Mirifica’, em 1963; assinala-se, em cada ano, no domingo antes do Pentecostes (16 de maio, em 2021).
© Agência Ecclesia
Papa desafia media a sair das redações ao encontro do mundo real, em tempo de pandemia
Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais elogia «coragem» dos jornalistas e pede atenção aos problemas dos países mais pobres
O Papa afirmou a necessidade de ir ao encontro da “vida concreta”, no trabalho jornalístico, particularmente neste momento de pandemia, numa mensagem divulgada hoje pelo Vaticano, pedindo atenção aos países mais pobres no discurso mediático.
“Há o risco de narrar a pandemia ou qualquer outra crise só com os olhos do mundo mais rico”, alerta Francisco.
A posição é apresentada na mensagem para o 55.º Dia Mundial das Comunicações Sociais (16 de maio de 2021) tem como tema ‘«Vem e verás» (Jo 1, 46). Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são’.
Segundo o Papa, “numerosas realidades do planeta – e mais ainda neste tempo de pandemia – dirigem ao mundo da comunicação um convite a ‘ir e ver’”.
“Por exemplo, na questão das vacinas e dos cuidados médicos em geral, pensemos no risco de exclusão que correm as pessoas mais indigentes. Quem nos contará a expetativa de cura nas aldeias mais pobres da Ásia, América Latina e África?”, questiona.
Francisco considera que sem esta narrativa alargada, as diferenças sociais e económicas vão marcar a distribuição das vacinas contra a Covid-19, “com os pobres sempre em último lugar”:
“O direito à saúde para todos, afirmado em linha de princípio, acaba esvaziado da sua valência real”, exemplifica.
O Papa aborda ainda os casos de pobreza provocados pela crise sanitária e económica, nesta pandemia, falando num “drama social” que continua oculto.
“Causam impressão, mas sem merecer grande espaço nas notícias, as pessoas que, vencendo a vergonha, fazem a fila à porta dos centros da Cáritas”, assinala.
A mensagem aborda a uniformização da informação, apontando para o risco de “jornais fotocópia” ou noticiários “substancialmente iguais, onde os géneros da entrevista e da reportagem perdem espaço”.
O Papa critica a informação “pré-fabricada, ‘de palácio’, autorreferencial”, que se desliga da “verdade das coisas e da vida concreta das pessoas”.
A crise editorial corre o risco de levar a uma informação construída nas redações, diante do computador, nos terminais das agências, nas redes sociais, sem nunca sair à rua, sem ‘gastar a sola dos sapatos’, sem encontrar pessoas para procurar histórias ou verificar com os próprios olhos determinadas situações”.
Francisco deixa um agradecimento pela “coragem de muitos jornalistas”, capazes de “ir aonde mais ninguém vai”, correndo riscos.
Esse trabalho, indica o Papa, permitiu denunciar “a difícil condição das minorias perseguidas em várias partes do mundo”, “muitos abusos e injustiças” e dar a conhecer “guerras esquecidas”.
“Seria uma perda não só para a informação, mas também para toda a sociedade e para a democracia, se faltassem estas vozes: um empobrecimento para a nossa humanidade”, adverte.
O Dia Mundial das Comunicações Sociais foi a única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II, no decreto ‘Inter Mirifica’, em 1963; assinala-se, em cada ano, no domingo antes do Pentecostes.
© Agência Ecclesia
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Por: João Marques 26 de Janeiro de 2021