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Leitura com arte: o Apóstolo São Paulo

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Em pleno estado de emergência, esta é uma semana marcada pela festividade litúrgica da Conversão de São Paulo (25 de janeiro), que o Seminário não deixou de celebrar solenemente, ainda que sem a habitual afluência do Povo de Deus, de Clero e presidência do Sr. Bispo.

De facto, a figura de Saulo de Tarso é intemporal e merece sempre a nossa atenção, ainda mais sendo ele o patrono do nosso seminário diocesano. Sem querer dizer muito, marcamos esta semana escolhendo por entre os clássicos da arte sacra, cinco retratos magistrais do Apóstolo dos Gentios que, contemplados por momentos, nos podem ajudar a meditar acerca das diversas dimensões do seu perfil sacerdotal.

Bom deleite!

Dimensão Humana:

S. Paulo, Nuno Gonçalves, 1480, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa

Quem se deixa inundar pela graça não se torna menos Homem. Pelo contrário, só na vida de Deus o Homem é Homem, só em Cristo a nossa humanidade pode ser curada das suas feridas e alcançar a verdadeira maturidade. Diremos então, com Paulo: «Depois que me tornei homem, fiz desaparecer o que era próprio de criança» (1Cor 13, 11)

Dimensão Espiritual:

Conversão no Caminho para Damasco, Caravaggio, 1600, Igreja de Santa Maria del Popolo, Roma.

Não é numa doutrina filosófica nem numa moral que Paulo assenta a sua vida, mas numa experiência de encontro com o Ressuscitado, que o agarra e desinstala: «Caí por terra e ouvi uma voz que me dizia: ‘Saulo, Saulo, porque me persegues?’» (At 22, 7)

Dimensão Intelectual:

São Paulo, Rembrandt, 1633, Kunsthistorisches Museum

Paulo pôs tudo ao serviço do evangelho, incluindo a sua inteligência, de que as suas cartas são testemunho. Não o intelecto que busca satisfazer a curiosidade, mas o que, iluminado na graça, é caminho de santidade: «Transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de poderdes discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito» (Rm 12, 2)

Dimensão Pastoral:

São Paulo na prisão, Rembrandt, 1627, Staatsgalerie, Estugarda, Alemanha

Imitando Jesus, Paulo dá-se completamente para salvar aqueles que Deus lhe confiou. As contrariedades, a prisão e o martírio não foram obstáculo para o seu zelo de pastor: «Fiz-me tudo para todos a fim de salvar alguns a todo o custo» (1Cor 9, 22)

Dimensão Eclesial:

São Pedro e São Paulo, El Greco, 1592, Hermitage, São Petersburgo

Apesar da sua experiência pessoalíssima com Jesus, Paulo não é um “apóstolo freelancer”. Antes procura que a sua ação esteja inserida na missão da Igreja. Assim não começa a evangelizar sem antes conhecer Pedro, Cabeça da Igreja: «A seguir, passados três anos, subi a Jerusalém, para conhecer a Cefas, e fiquei com ele durante quinze dias» (Gal 1, 18).

 

Padre Rui Gouveia

José Cachaço, seminarista

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28 de Janeiro de 2021