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Igreja em Rede/Eucaristia: D. José Ornelas exorta a “sentir a dor, a desorientação, a doença dos outros”

Na homilia de domingo, o Bispo de Setúbal afirma que é “triste” ver quem se “aproveita das vacinas, sem ter em conta quem mais precisa delas”. O V Domingo do Tempo Comum, foi a terceira celebração dominical do novo período de confinamento. Sem a presença física de fiéis, D. José Ornelas presidiu à Eucaristia na Sé de Setúbal, transmitida em direto nos canais digitais.

O Evangelho deste domingo dá continuidade à passagem de São Marcos do Domingo anterior, na qual Jesus se apresenta como libertador que restituiu às pessoas a sua dignidade, ao libertar um homem subjugado por um espírito impuro na sinagoga de Cafarnaum. Na sequência desta passagem, o Evangelho desta semana relata a libertação e a cura da Sogra de Pedro, que se encontrava doente.

 

“Ele vem para libertar. Vem colocar esta gente em condições de vida. Vem trazer vida” refere D. José Ornelas no início da sua homilia, explicando que Jesus, ao entrar na casa e ao confrontar-se com a doença, vai diretamente ter com a doente, toma-a pela mão e levanta-a, restituindo-a à sua família. Entretanto, esta começa imediatamente a servi-los.

“A primeira mensagem que o hoje o Evangelho nos traz é que a Palavra de Deus produz uma nova atitude nas pessoas para ir ao encontro de quem precisa, libertando, curando, cuidando e restituindo as pessoas à sua função de serviço aos outros.”

Jesus demonstra que não traz apenas doutrina, traz salvação não só para o doente, mas também para a família e sociedade.

Mas não é apenas esta família/Igreja que sente o peso da doença. A cidade está cheia de doenças, dos mais variados tipos. Ao saber da presença de Jesus, “a cidade inteira ficou aglomerou-se diante da porta”. Esta tem de ser bem a imagem da Igreja, a partir da qual Ele, atende, cura, cuida; Cuida na Igreja e à volta da Igreja.”

De acordo com o prelado, Jesus curou muitos mas de manhã saiu cedo para rezar num monte: “Vai procurar o rosto do Pai”. Os discípulos andam preocupados à sua procura e quando o encontram não percebem porque ele não continua a sua obra de salvação naquela cidade.

Os discípulos não entendem ainda esta amplitude da libertação. Raciocinam e organizam-se só no imediato, no mais útil dentro do seu pequeno mundo. Além disso, pensam no seu grupo, na sua cidade, no seu povo, no seu pequeno mundo. Os outros não entram nestes horizontes fechados em que eles podem controlar a torneira da graça e da vida.”

“Nós vivemos não fechados em nós próprias, mas para os outros” responde o bispo diocesano, acrescentando que “Jesus não veio para um projeto pessoal. Ele veio para aqueles que precisam. E é precisamente por isso que sabe, estando com o pai, que alarga os seus horizontes não apenas a esta família e a esta cidade e decide ir a outros locais para anunciar a Palavra de Deus.”

“A fé não é simplesmente para o meu grupo, para a minha família, para a minha cidade ou para a minha cultura. Deus é Pai de todos, e por isso de todos se ocupa, de todos tem compaixão, ou seja, sente as dores e os clamores da multidão diversificada”.

 

Na semana em que se assinala o Dia Mundial dos Doentes (quinta-feira, 11 de fevereiro), D. José Ornelas convida a olhar para a verdadeira libertação, que passa por “sentir a dor, a desorientação, a doença dos outros. Não fechar os olhos, não brincar com a saúde de ninguém.”

O prelado convida todos a não se fecharem “nas suas dificuldades, no seu quintal, nos interesses próprios, mas alargar os horizontes a todos os que precisam” e não fazer “jogos interesseiros com a doença” para ganho pessoal.

É triste ver quem se aproveita: quem se aproveita das vacinas, sem ter em conta os que mais precisam delas e quem se aproveita dessas situações para lutas políticas, que não olham para os interesses dos doentes, mas a sua agenda pessoal e política. Todos esses vivem à custa dos doentes.”

“Hoje, gostaria de pedir ao Senhor que todos fossemos capazes de assumir a atitude da sogra de Pedro: que fiquemos livres da pandemia e das doenças. Que Jesus nos pegue pela mão, nos liberte de todas as febres, para que livres e saudáveis, nos ponhamos a servir quem precisa, criando uma cultura de gente saudável, de corpo e Espírito, liberta de egoísmos mesquinhos, para olhar também para as cidades vizinhas, levantando os olhos para o Pai do céu e tomando as nossas decisões a partir da sua face libertadora criadora de compaixão solidária e dadora de vida, e vida que não conhece limites”, conclui.

Fotos: Celebração Eucarística de 31 de janeiro de 2021

Nota: Por constrangimento técnicos, não foi possível transmitir a Eucaristia, na íntegra, através do Youtube. Para uma revisitação completa, aconselhamos a visualização pelo Facebook.

JM

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08 de Fevereiro de 2021