comprehensive-camels

Quarta-feira de Cinzas/D. José Ornelas: “Regressar ao que somos”

A celebração da Eucaristia e imposição das cinzas deram início à Quaresma, assinalada na Sé de Setúbal. Na homilia, D. José Ornelas deixou um apelo à conversão, para que não seja um “voltar atrás” mas um recomeçar.

O Bispo de Setúbal presidiu à celebração da Eucaristia contando com a participação da comunidade do Seminário de São Paulo de Almada, formadores e seminaristas. A missa foi concelebrada pelo Padre José Lobato, Vigário-Geral da Diocese, o Padre Rui Gouveia, Reitor do Seminário Diocesano, e pelos padres Francisco Graça e Armando Azevedo.

Na homilia, o prelado começou por salientar o apelo que Deus nos faz à conversão na liturgia do dia. No Evangelho, Jesus pede para regressarmos à autenticidade daquilo que somos, das nossas raízes e do projeto de vida a que somos chamados.

 

“Na língua de Jesus, “converter-se” é a mesma palavra para dizer “regressar” ou “voltar”: Voltar a Deus, voltar à família, voltar à terra da promessa, voltar ao caminho da vida e da felicidade. É a ideia de alguém que se desencaminhou e que agora regressa a casa” elucidou o bispo diocesano.

Regressar a nós mesmos, regressar ao coração, ao projeto de vida de que facilmente nos desviamos. Certamente teremos aí muitos aspetos a verificar e realinhar. Nesta Quaresma, somos convidados, pois, a regressar. Encontremos tempo para voltar ao coração. Este “voltar” não é um regresso para trás, é um voltar à vida, sempre na novidade que ela nos traz constantemente.”

“Habitualmente, estes apelos são sentidos por nós como uma chamada de atenção para cortar em aspetos mais facilitadores e agradáveis da vida” refere D. José Ornelas, convidado ao jejum “para fortificar o que é importante em nós”.

“É deixar coisas que nos fazem mal há saúde para termos saúde. Que nos cortem dos outros para estarmos em maior relação com eles. Que fazem bem para o bem de outros… Emagrecer um pouco o nosso género de vida.”

Para este “caminho de regresso”, de acordo com o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, é necessária “uma bússola”, que “é Deus”, como refere São Paulo, dizendo “Deixem se regressar ao chamamento de Deus”.

 

Ele é Aquele que nos conhece”, com quem queremos fazer os nossos projetos, e com queremos ter uma relação de autenticidade. Por isso, apela D. José Ornelas a sermos honestos no nosso relacionamento com Ele.

Não façam do vosso relacionamento com Deus um teatro. Sejam honestos com Deus: admitam que não são perfeitos porque o Pai é misericordioso; Admitam que são fracos, porque o Pai vos toma nas suas mãos; admitam que falham que o Pai é sábio e dá sabedoria.”

Na nossa relação com os outros, o Bispo de Setúbal apelou-nos a ter “coragem” e “esperança” para que voltemos “a ser povo, a ser Igreja, a sermos solidários”. “A nossa verdade e coerência verifica-se no nosso relacionamento com as pessoas e o mundo, e na fidelidade aos nossos compromissos.

Neste tempo de Quaresma e de pandemia, sugere D. José Ornelas que tenhamos atenção a quem precisa recordando a renúncia quaresmal deste ano que terá como principal objetivo apoiar aqueles foram afetados pela crise na nossa Diocese, bem como a população refugiada da Diocese de Pemba, em Cabo Delgado, Moçambique.

 

Deixou ainda um apelo à participação dos diocesanos nas celebrações transmitidas pelos canais digitais e meios de comunicação social, aproveitando os momentos disponibilizados pelas paróquias para aprofundamento da Palavra de Deus. Apresentou como sugestão concreta os “encontros com Deus, no Evangelho de São João”, dinamizados às quintas-feiras à noite nos canais de comunicação da Diocese.

Andamos confinados e as nossas celebrações não são sempre possíveis. Mas Deus não está confinado: a sua palavra, a família, os contatos que temos pelos meios possíveis, oferecem muitas ocasiões de revitalizar o nosso “voltar a Deus”. Ele acompanhou o seu povo no exilio, acompanha nos hospitais, nos nossos confinamentos, nas nossas ruas vazias.”

“Acolhamos este tempo de graça que Deus nos dá. Ele faz caminho connosco. Ele é que nos permite o êxodo da escravidão para a liberdade. Que esta Quaresma seja realmente um voltar a Deus, um voltar aquilo que somos como pessoas e como Igreja, para que aquilo que esperamos recomeçar, desde que seja possível o desconfinamento, que não seja simplesmente voltar a atrás mas recriar a nossa Igreja, o nosso país, um mundo melhor”, concluiu.

A Quaresma é, no Ano Litúrgico, o tempo de preparação para a Páscoa, a grande celebração do mistério da Salvação pela morte e ressurreição de Jesus Cristo. Na atual disciplina litúrgica, vai da Quarta-Feira de Cinzas até Quinta-Feira Santa, excluindo a Missa da Ceia do Senhor, que já pertence ao Tríduo Pascal.

JM

Partilhe nas redes sociais!
18 de Fevereiro de 2021