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A Palavra do Papa: o trabalho heróico, a ternura do cuidado e a conversão no deserto

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Na semana em que o Papa se encontra em exercícios espirituais, e por isso ausente dos compromissos públicos, o Pontífice lembrou os profissionais de saúde e assistência, bem como os voluntários que cuidam do outro na pandemia. Advertiu também que com o diabo “não há diálogo possível. Somente com a Palavra de Deus.”

Papa elogia o cuidado dos voluntários e profissionais de saúde e pede esforço para não deixar ninguém sozinho

O Papa Francisco enviou no passado dia 18 de fevereiro uma mensagem ao arcebispo de Trujillo e presidente da Conferência Episcopal Peruana, D. Miguel Cabrejos Vidarte, por ocasião do início de mais uma maratona da campanha “Respira Peru”. O texto da carta foi assinado pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin.

“Respira Peru” é uma iniciativa co-organizada pela Igreja peruana, realizada por telefone, que tem como objetivo angariar fundos para a compra e doação de ventiladores, equipamentos médicos e de proteção destinados ao tratamento de pacientes com Covid-19.

No início da mensagem, em língua espanhola, o Pontífice dirige uma saudação especial aos organizadores e colaboradores da iniciativa solidária, encorajando “a fazer com que a ternura de Deus chegue a todos através do cuidado, construindo uma sociedade mais humana e fraterna na qual nos esforcemos para que ninguém fique sozinho, que ninguém se sinta excluído ou abandonado”.

Já ao presidente da Pontifícia Academia para a Vida, D. Vincenzo Paglia, o Papa enviou no sábado uma mensagem, por ocasião do Dia Nacional dos Agentes de Saúde, dos setores sanitário e social e do Voluntariado celebrado em Itália, que este ano fez memória de todos os profissionais de saúde que faleceram durante a pandemia da Covid-19.

No texto, Francisco dirige “um pensamento especial, recordando o desempenho generoso, por vezes heroico, da profissão vivida como uma missão”, reconhecendo todos os “nossos irmãos e irmãs que arriscaram a própria vida ao ponto de perdê-la”.

Diante à tanta oblatividade, a inteira sociedade é incentivada a testemunhar sempre mais o amor ao próximo e o cuidado do outro, especialmente os mais vulneráveis. A dedicação de quantos, inclusive nestes dias, estão comprometidos nos hospitais e nas estruturas sanitárias é uma ‘vacina’ contra o individualismo e o egocentrismo, e demonstra o desejo mais autêntico que mora no coração do homem: ficar ao lado daqueles que mais precisam e doar-se por eles.”

Santo Padre reconhece virtudes heroicas do padre português Albino Alves da Cunha e Silva

Francisco autorizou na manhã deste sábado a promulgação de decretos que reconhecem um milagre e as virtudes heroicas de sete Servos de Deus. É o caso do sacerdote natural de Portugal, Albino Alves da Cunha e Silva, com um percurso pastoral que se estendeu ao Brasil, na cidade de Catanduva, em São Paulo.

O Pontífice autorizou a Congregação para as Causas dos Santos a promulgar o decreto que reconhece as virtudes heroicas do Servo de Deus Albino Alves da Cunha e Silva, sacerdote diocesano. Nascido a 22 de setembro de 1882 em Codeçoso, em Portugal, foi o sacerdote foi ordenado em 1905. Preso após a Implantação da República, fugiu para o Brasil a fim de continuar a sua ação missionária. Exerceu o seu ministério em Catanduva, São Paulo, no Brasil, perto de 50 anos, onde realizou uma intensa atividade de cuidado aos doentes e assistência aos mais desfavorecidos. Faleceu a 19 de setembro de 1973. Segundo a Fundação Padre Albino, cerca de 30 mil pessoas acompanharam o seu funeral.

Angelus: Entrar no deserto, “sem medo”

No primeiro Domingo de Quaresma, na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus, o Papa Francisco refletiu sobre o Evangelho do dia, do Evangelista São Marcos (cf. 1,12-15), que evoca os temas da tentação e da conversão.

O Papa comentou sobre o caminho percorrido por Jesus quando “o Espírito o levou para o deserto” (v. 12), retirando-se durante 40 dias, “onde foi tentado por Satanás”. O deserto, incentivou Francisco a refletir, é um ambiente “natural e simbólico, tão importante na Bíblia”.

O deserto é o lugar onde Deus fala ao coração do homem, e onde brota a resposta da oração, ou seja, o deserto da solidão, o coração separado de outras coisas e, somente naquela solidão, abre-se à Palavra de Deus. Mas é também o lugar da provação e da tentação, onde o Tentador, aproveitando a fragilidade e as necessidades humanas, insinua a sua voz mentirosa, uma alternativa àquela de Deus, uma voz alternativa que te mostra outro caminho, um outro caminho de engano. O Tentador seduz.”

Na verdade, continuou Francisco, durante os 40 dias vividos por Jesus no deserto, “começa o ‘duelo’ entre Jesus e o diabo, que terminará com a Paixão e a Cruz. Todo o ministério de Cristo é uma luta contra o Maligno nas suas muitas manifestações: curas de doenças, exorcismos sobre os possuídos, perdão dos pecados”. Jesus, ao agir com o poder de Deus, “parece que o diabo tem a vantagem, quando o Filho de Deus é rejeitado, abandonado e, finalmente, capturado e condenado à morte”. Mas, não, disse o Pontífice, porque “a morte era o último ‘deserto’ para se atravessar para derrotar definitivamente Satanás e libertar-nos a todos do seu poder”.

Todos os anos, no início da Quaresma, recordou Francisco, “este Evangelho das tentações de Jesus no deserto lembra-nos que a vida do cristão, nos passos do Senhor, é uma batalha contra o espírito do mal”. Mas, que devemos fazer como Jesus, que enfrentou e venceu o Tentador: “devemos estar conscientes da presença deste inimigo astuto, interessado na nossa condenação eterna, no nosso fracasso, e nos prepararmos para nos defender dele e combatê-lo”. Assim, o Pontífice procurou enfatizar que, “nas tentações, Jesus nunca dialoga com o diabo, nunca”.

No deserto, parece que há um diálogo porque o diabo faz três propostas e Jesus responde. Mas Jesus não responde com as suas palavras. Responde com a Palavra de Deus, com três passagens da Escritura. E isso é para todos nós. Quando o sedutor se aproxima, ele começa a seduzir-nos: ‘mas pense isto, faça aquilo…’, a tentação é de dialogar com ele, como fez Eva. Eva disse: ‘mas não se pode porque nós…’, e entrou em diálogo. E se nós entrarmos em diálogo com o diabo, seremos derrotados. Coloque isto na cabeça e no coração: com o diabo nunca se dialoga, não há diálogo possível. Somente a Palavra de Deus.”

O Papa, assim, finalizou a sua reflexão, encorajando, neste tempo de Quaresma, a seguir o Espírito Santo, como Jesus, e entrar no deserto, “sem medo”:

“Não se trata – como vimos – de um lugar físico, mas de uma dimensão existencial para ficar em silêncio, escutar a palavra de Deus, “para que a verdadeira conversão se realize em nós”. Não tenham medo do deserto, procurem por momentos de mais oração, de silêncio, de entrar em nós mesmos. Não tenham medo. Somos chamados a percorrer os caminhos de Deus, renovando as promessas do nosso Batismo: renunciar a Satanás, a todas as suas obras e a todas as suas seduções. O inimigo está ali, agachado, tenham cuidado. Mas nunca dialoguem com ele.”

No final da oração, Francisco lembrou que se passaram 90 anos desde a revelação da imagem de Jesus Misericordioso.

Através de São João Paulo II”, disse Francisco, “aquela mensagem chegou ao mundo inteiro, e não é outra coisa senão o Evangelho de Jesus Cristo, morto e ressuscitado, que nos dá a misericórdia do Pai. Abramos os nossos corações a Ele, dizendo com fé: ‘Jesus, confio em Ti’.”

Na cidade de Płock, nas margens do rio Vístula, foi erguido o santuário naquele que é o local das revelações particulares da Irmã Faustina Kowalska, a primeira santa do novo milénio. Era 22 de fevereiro de 1931 quando o Senhor Jesus se manifesta à religiosa, que se encontra no convento de Płock da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora Mãe da Misericórdia em Stary Rynek. 

A Festa da Divina Misericórdia é celebrada por toda a Igreja no domingo seguinte à Páscoa e passou, portanto, a ser intitulada Domingo da Divina Misericórdia. Santa Faustina foi beatificada a 18 de abril de 1993, por São João Paulo II, e canonizada também pelo Sumo Pontífice a 30 de abril de 2000.

JM (com recursos do Vatican News)

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24 de Fevereiro de 2021